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DENGUE É PREOCUPANTE NO RIO DE JANEIRO

Desde novembro de 2007 estamos observando um aumento de casos de dengue que evoluem com gravidade. Neste ano (2007) ocorreram, no Município do Rio de Janeiro, 26 óbitos confirmados laboratorialmente, mostrando um aumento importante de letalidade em relação aos anos anteriores. Além disso, notamos tendência, a partir do mês de dezembro, de aumento importante de casos hospitalizados, denotando aumento de gravidade da doença. Dos casos hospitalizados no mês de dezembro, 67% eram de menores de 15 anos.

Dos 26 óbitos do ano de 2007, 12 ocorreram em crianças, a maioria concentrada nos meses de novembro e dezembro: 1 em menor de 1 ano; 1 da faixa etária de 1 a 4 anos; 7 da faixa etária de 5 a 9 anos e 3 da faixa etária de 10 a 14 anos.

Em janeiro de 2008 este quadro se acentuou e mostrou um aumento importante de casos de dengue e cada vez mais casos graves hospitalizados e principalmente crianças. De 348 casos hospitalizados, 218 são menores de 15 anos . A faixa etária mais comprometida é a de 5 a 9 anos. Das 218 crianças, 128 (58,7%) apresentaram "extravasamento plasmático" (derrame pleural, ascite, derrame pericárdico,etc);126 (57.7%) apresentaram plaquetas abaixo de 50.000, corroborando assim a extrema gravidade.

Desde 2002 vinham sendo identificados pelo Laboratório de Virologia da FIOCRUZ quase que exclusivamente o vírus do dengue 3 (DEN3). Em 2006 foi identificado 1 caso de vírus 2(DEN 2) . Em 2007, já foram identificados no município 8 casos identificados como dengue 2 . Dos óbitos, 3 foram identificados como D3 (1 em janeiro, 1 em março e 1 em abril) e 3 como D2 (1 em agosto e 2 em novembro). Os 2 óbitos que ocorreram em crianças no mês de novembro foram identificados como D2.

Sabemos que quando ocorre infecção por um tipo de vírus e depois uma infecção seqüencial com um tipo diferente de vírus, ocorre uma reação imunológica intensa liberando substâncias (citocinas) que vão atuar na parede dos vasos sanguíneos, aumentando a permeabilidade dos mesmos e permitindo extravasamento de plasma que vai para um 3° espaço, ocasionando assim os derrames cavitários e o choque que leva ao óbito. O que está ocorrendo no Município do Rio é uma mudança de comportamento da doença representada por um surto de Febre Hemorrágica do Dengue/ Síndrome do Choque de Dengue (FHD/SCD) pela seqüência de infecção DEN3/DEN2. As crianças acometidas ainda não tinham nascido quando circulou aqui o DEN 2 e fizeram infecção leve ou inaparente com o DEN 3 que a partir de 2002 passou a predominar. O que acontece agora é que devem estar fazendo infecção pelo DEN2 e evoluindo com formas graves.

Isto também está acontecendo com os adultos mas em escala bem menor, pois uma boa parte da população já está imunizada para o DEN2.

É importante estarmos atentos para um diagnóstico precoce e conduzi-lo adequadamente.

Quando suspeitar de Dengue? Doença febril aguda com duração de até sete dias acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaléia, dor retro orbitária, mialgia, artralgia, prostração, exantema.

O quadro clínico em crianças, na maioria das vezes, apresenta-se como uma síndrome febril com sinais e sintomas inespecíficos, como apatia ou sonolência, recusa de alimentação, vômitos, diarréia ou fezes amolecidas. Nos menores de dois anos de idade, os sintomas cefaléia, mialgias e artralgias podem manifestar-se por choro persistente, adinamia, irritabilidade, geralmente com ausência de manifestações respiratórias, podendo confundir-se com outros quadros infecciosos febris próprios desta faixa etária. É comum apresentarem manifestações hemorrágicas e destas, a que está ocorrendo com maior frequencia são as petéquias. Em crianças as formas graves surgem geralmente em torno do terceiro ou quarto dia da doença, acompanhada ou não de defervescência da febre. O paciente com suspeita de dengue deve ser acompanhado pelo médico, principalmente no dia da queda da febre que é quando se desencadeiam os casos graves. O hemograma que mostra o número de leucócitos, plaquetas e o hematócrito são essenciais para se acompanhar a evolução do caso.

Sinais de alerta: dor abdominal intensa e continua, vômitos persistentes, hepatomegalia dolorosa, desconforto respiratório, hipotensão arterial, pressão arterial convergente, hipotermia e sudorese, taquicardia em repouso, lipotímia , cianose. A presença de qualquer destes sinais a criança deve ser internada para reposição hídrica em etapa rápida (soro fisiológico ou Ringer).

A notificação dos casos de dengue é muito importante para que se possa desencadear as ações de controle do mosquito.