Cinema nas Casas Casadas já tem dono
Concessionário pede mais tempo para conclusão das obras enquanto Prefeitura não promove nenhuma atividade cultural
Fábio Amaral / Minas de Idéias
Primeiro a sociedade de Laranjeiras batalhou pela restauração das Casas Casadas, localizada na rua Leite Leal. Quando todos imaginavam que o problema estava solucionado com a inauguração das Casas em 2006, eis que surge um segundo problema. O espaço que deveria ser administrado pela prefeitura para oferecer aos moradores uma opção de lazer e cultura, acaba se tornando sede da RioFilmes e as inúmeras salas encontram-se até então desocupadas.
Durante alguns meses a Secretaria de Cultura divulgou que ali seria um espaço para cinema, exposições, entre outras atividades. Quando viu que não conseguiria cumprir o prometido, a prefeitura abriu licitação para alguns espaços.
Licitação sem interesse
O primeiro a ser licitado foi o anexo que contempla um café, livraria, loja de cd’s e dvd’s e uma varanda com vista privilegiada. Este já está quase finalizado e a previsão de inauguração é para o mês de julho, segundo informa o concessinário Daniel Leite. O outro processo de licitação aconteceu há quatro meses e foi referente às duas salas de cinema e a uma sala multiuso. A primeira convocação não despertou o interesse de ninguém. Somente na segunda convocação que o próprio Daniel Leite apresentou a documentação necessária para garantir o espaço.
- Na primeira licitação eu estava torcendo para que algum exibidor tradicional ganhasse a concorrência para tocar o negócio. O fato de trabalhar com cinema e poder fazer isso dentro das Casas Casadas foi o que me motivou para ocupar o espaço – diz Daniel, que tem em seu currículo mais de 50 curtas metragem e alguns longas onde trabalhou como finalizador.
Prazo irreal
Mas a batalha de Daniel para inaugurar o tão sonhado cinema não será nada fácil. Ele ganhou a licitação há quatro meses e a prefeitura deu um prazo de apenas seis para que fossem concluídas as obras.
- É um prazo irreal. Desde o início eu já sabia que não seria viável. Agora estou tentando uma audiência com o secretário de cultura para prorrogar esta data – conta Daniel.
Outro problema que Daniel encontrará assim que inaugurar o café será o fato das Casas Casadas ainda não ter uma programação que atraia o público do bairro. O valor do investimento é de R$ 500 mil.
- É muito ruim não ter nada acontecendo nas casas. Não há definição do uso para algumas áreas e outras estão sendo utilizadas para coisas que não dão acesso ao público, como o arquivo por exemplo. Também já solicitei a RioLuz uma iluminação cênica para que possamos chamar a atenção de quem passa pela rua.
Aberto a propostas
O valor estimado para construção das salas é de R$ 1 milhão, que Daniel está levantando por meio de sócios e parceiros que acreditam no projeto idealizado por ele. A idéia do empreendedor é que o café seja um refúgio para os moradores de Laranjeiras que não encontram no bairro um lugar que conjugue diversão, entretenimento e culinária num ambiente um pouco mais refinado.
- Normalmente essas pessoas encontram isso em bairros como Ipanema e Leblon. Laranjeiras ainda não tem essa opção.
Quanto ao cinema, a idéia é que sejam exibidos filmes de arte e outros distribuídos pela RioFilmes. Já a sala multiuso poderá ser utilizada para exposições, ensaio de grupos de teatro, entre outras atividades.
- Tenho sido muito procurado por pessoas que têm projetos interessantes. Estou aberto a todos os tipos de proposta, mas também acho que o espaço das Casas Casadas é muito grande e pode abrigar esses projetos – conclui Daniel.