PALAVRA DO PRESIDENTE
Marcus Vinicius Seixas
O engodo do gás natural: “A CEG NÃO VENDE GÁS, A CEG VENDE ENERGIA”
Em meados dos anos 90, no Governo de Fernando Henrique, a Petrobrás resolveu aumentar o volume de compras de gás natural e concentrou na Bolívia seu fornecedor. Com isso, comprometeu-se em adquirir uma quantidade enorme de metros cúbicos sem haver, ainda, um mercado que absorvesse tal disponibilidade. Qual a saída? A saída foi “empurrar” para os distribuidores estaduais o volume contratado em excesso, trazendo aí um fator capcioso. Os distribuidores estaduais que naquela altura eram estatais tiveram que ser privatizados, pois os Estados não tinham recursos suficientes para investir na ampliação do fornecimento. Haveria a possibilidade de levar a insolvência os distribuidores caso não conseguissem investidores particulares.
Em resumo, criaram um problema para “surgir” uma solução que seria a privatização. Para nós simples consumidores, o Governo do Rio de Janeiro (Marcelo Alencar), privatizou a CEG e concedeu aos novos donos a possibilidade, via incentivos, de vender gás natural para veículos automotores (GNV) e a reformulação da distribuição domiciliar. Essa se daria com a conversão das instalações de rua, das casas e apartamentos, mas o custo da adequação correria por conta do cidadão. Touché! Entregou-se ao novo concessionário a ampliação de seu mercado obrigando o pobre consumidor a gastar muito dinheiro para receber o gás natural, ou então ficar com o mesmo desligado, caso não fizesse as obras. Chegou-se ao cúmulo de um prédio no Flamengo gastar R$ 400 mil em obras para adequar sua rede interna. Não satisfeitos, disseram que o consumo de gás natural seria menor do que o de gás manufaturado, concluindo-se que o custo para o consumidor seria diminuiria. Porém, esqueceram de dizer que como o poder calorífico era maior no gás natural, o preço seria corrigido para equilibrar o menor consumo. Quem for reclamar com a companhia de gás, agora, ouve uma pérola do engodo:
“A CEG NÃO VENDE GÁS, A CEG VENDE ENERGIA”. Portanto, o consumidor/cidadão ficou com o mico na mão. Paga mais por menos gás, com o risco de desabastecimento, cujo fato gerador foi pensado e operacionalizado por investidores e seus agentes espertos há poucos anos atrás. Só no capitalismo brasileiro!