Laranjeiras, 20/04/07
Instituto Nacional de Surdos comemora 150 anos
Por Erick V. da Cruz
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Em 1855 chega ao Rio de Janeiro mais um dos muitos estrangeiros que na época cruzavam o Atlântico rumo ao “Novo Mundo”, seu nome era Ernest Huet. Francês, deficiente auditivo e professor do Instituto Nacional de Surdos em Paris, ele vinha em busca de uma aventura no solo tupiniquim: Abrir uma escola para pessoas surdas.
Munido apenas de boas recomendações do governo francês, Huet conseguiu o apoio de Marquês de Abrantes, que o levou ao encontro de D. Pedro II que, segundo a historiadora e professora do INES Solange Rocha, imediatamente ofereceu apoio à iniciativa do professor francês. De acordo com a historiadora, o então reitor do colégio D. Pedro II, Manoel Pacheco da Silva, foi designado para auxiliar Huet a organizar a escola.
Depois de alguma dificuldade, Huet conseguiu duas alunas que recebiam uma pensão anual do Império para estudar. Elas assistiam as aulas no Colégio Vassinon que, naquele ano, serviu de residência para Huet e em 1856 o primeiro programa de disciplinas foi apresentado.
Mas foi somente em 26 de Setembro de 1857 que o Império concedeu a primeira dotação orçamentária para o Instituto, por esse motivo esta é considerada a data oficial de inauguração do INES. Também em 1857 o Instituto de Surdos foi transferido para sua primeira sede, em um prédio na Ladeira do Livramento, e teve seu primeiro estatuto organizado.
Em 1861 problemas pessoais afastaram Huet da direção e, ao longo dos anos, vários diretores passariam pelo cargo sem grande sucesso até que em 1868 o Médico Tobias Leite assumiu a diretoria.
Esse é o momento em que a história do INES e a do bairro de Laranjeiras se cruzam. O pai de Tobias Leite, que era um grande proprietário de terras na região onde hoje ficam tanto Laranjeiras quanto o Cosme Velho, cedeu o local onde se encontra o atual Instituto.
O INES sem dúvida nenhuma faz parte da história do bairro. Seus alunos são partes integrantes de Laranjeiras e enchem de vida o lugar percorrendo suas ruas, pegando ônibus, consumindo ou se divertindo nos bares ao redor do Instituto.
Hoje em dia o Instituto Nacional de Educação de Surdos, mais do que uma escola é uma ferramenta de integração para os deficientes auditivos, não só através da excelência no ensino desses jovens, mas também por oferecer cursos de linguagem brasileira de sinais ao público em geral por preços populares.
Além disso, o INES realiza estudos e promove pesquisas sobre a surdez, presta assessoria técnica em áreas ligadas ao problema, realiza seminários e promove a capacitação dos surdos para o mercado de trabalho.
Agradecimento especial à colaboração da
professora Solange Rocha.