Laranjeiras, 22/06/07
Artistas da favela do Pereirão fazem sucesso em Veneza
Por Erick V. da Cruz
[email protected]
O que era brincadeira virou coisa séria, os garotos que há quase dez anos atrás driblavam a falta de opções de lazer, hoje são artistas reconhecidos internacionalmente. Essa é a história da ONG Morrinho que atua na favela do Pereirão.
Tudo começou em 1998 quando Nelcilan Souza de Oliveira e seu irmão Maycon começaram a construir uma maquete da favela. Logo ganharam a companhia de outros garotos e a brincadeira foi crescendo. Na miniatura do morro eles começaram a reproduzir o seu universo.
Era como se o "morrinho", nome dado à maquete, fosse para eles um vídeo game. Ali a realidade virtual repetia o cotidiano dos garotos, com direito a mocinhos, bandidos, bailes funks e tudo mais que faz parte do dia-a-dia de uma favela.
O morrinho foi crescendo por alguns anos até que Fábio Galvão, que também mora em Laranjeiras, descobriu a maquete e ficou impressionado. Imediatamente surgiu a idéia de fazer um documentário sobre o assunto.
Durante as gravações do documentário, que só agora conseguiu patrocínio e está em fase de conclusão, Fabio começou a ensinar os meninos a operar câmeras e trabalhar com computadores. Desse aprendizado surgiu a TV Morrinho e os garotos passaram a trabalhar com gravação de eventos.
Nesse período a brincadeira daqueles rapazes começou a ficar famosa. Fizeram a primeira exposição no Rio Design Barra e foram convidados para participar de uma exposição na Espanha, mas não tinham dinheiro para pagar as despesas da viagem e acabaram participando do Domingão do Faustão atrás do patrocínio que lhes faltava. Conseguiram o dinheiro e foram aclamados na Europa.
Depois disso viajaram para outros países como França e Alemanha, até que o curador da Bienal de Veneza, uma das mais importantes mostras artísticas do mundo, Robert Storr, veio ao Brasil para conhecer o projeto e os convidou para participar da mostra deste ano.
O trabalho foi considerado um dos mais impactantes da Bienal, que cobriu todas as despesas de transporte e hospedagem. O grupo passou um mês em Veneza, chegou no dia 12 de junho e depois de enfrentar um atraso de mais de 8 horas no vôo, foi recebido com festa na comunidade.
A obra dos garotos, que foi comentada pela mídia especializada em arte de todo o planeta, pode ser conferida através de visitas guiadas promovidas pela ONG Morrinho.
ONG "MORRINHO"
Rua Pereira da Silva, 826 - Laranjeiras - Rio de Janeiro / RJ
Tel.: (21) 2246-1010 - [email protected]
www.morrinho.com