Laranjeiras, 06/04/07
Família Guinle, o modelo de uma época
Por Erick V. da Cruz
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Desde o descobrimento, várias famílias pertencentes à elite brasileira, se tornaram famosas e viraram símbolos de suas épocas. Sobrenomes como Matarazzi, Orleans e Bragança, Bloch são exemplos de famílias bem sucedidas financeiramente e que ao longo da história marcaram a sociedade brasileira.
Mas provavelmente nenhuma outra família brasileira tenha tido uma identificação tão grande com o Rio de Janeiro, e com o bairro de Laranjeiras, quanto à família Guinle. Muitas construções grandiosas são de responsabilidade dessa família.
A família Guinle fez fortuna atuando em diversos ramos da economia brasileira do começo do século XX, chegando a se tornar a família mais rica do país com um patrimônio que hoje em dia valeria dois bilhões de reais. Tiveram a concessão do porto de Santos e de outros serviços públicos como eletricidade, transporte e telefonia, atuaram também no setor petrolífero, descobrindo reservas de petróleo na Bahia.
Os setores financeiros e hoteleiros também ajudaram a dar fama e dinheiro para os Guinle. O famoso Copacabana Palace foi construído por Octávio Guinle, em 1923 e é um dos mais luxuosos hotéis do mundo. O extinto banco Boavista também pertencia à família, sua sede na Candelária foi projetada por Nyemeier e é uma das obras-primas da arquitetura brasileira.
Aqui em Laranjeiras a família Guinle deixou um patrimônio cultural de valor inestimável, pois Eduardo Guinle construiu na década de 20 o
Palácio das Laranjeiras, hoje moradia oficial do governador do Estado. Seus jardins que foram projetados pelo paisagista francês Cochet e, mais tarde, receberam algumas intervenções estratégicas do famoso Roberto Burle Marx, viraram o atual
Parque Guinle, um oásis de tranquilidade no coração de Laranjeiras.
Impossível falar da família Guinle sem citar Jorginho Guinle, sem dúvida alguma o maior playboy brasileiro, que namorou estrelas do cinema internacional como Marilyn Monroe e Rita Hayworth; trabalhou pela primeira vez aos 85 anos e faleceu em 5 de Março de 2004. Em 1972 com o fim da concessão de exploração do porto de Santos, que durara 90 anos, os Guinle perderam muito do seu poder econômico, venderam o Copacabana Palace em 1989 e o banco Boavista em 1997, mas marcaram definitivamente seu sobrenome na cultura carioca e nacional.
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Foto: Jorginho Guinle no Copacabana Palace