O Globo - Zona Sul, 05/06/08
Um patrimônio ainda ameaçado
Casas do Largo do Boticário aguardam projeto de recuperação, embora uma já esteja restaurada
Por Rafael Galdo
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Uma relíquia arquitetônica na região, o Largo do Boticário, no Cosme Velho, continua sofrendo com o abandono. A boa notícia, no entanto, é que a construção mais antiga do lugar, a Casa32, depois de restaurada, conseguiu alvará de funcionamento comercial, segundo a Secretaria municipal de Urbanismo (SMU). A nova utilização foi baseada no decreto 26.748 da prefeitura, sobre o aproveitamento de imóveis tombados, e muito graças ao esforço pessoal de seu proprietário.
Enquanto isso, as demais casas do Largo continuam aguardando o término da elaboração de um projeto para sua restauração. Depois de uma delas ter passado mais de um ano ocupada por sem-teto, o prefeito César Maia havia anunciado, em fevereiro, que conversara, em Paris, com a arquiteta Elizabeth de Portzamparc para definir novos usos e a recuperação das construções. Até agora, no entanto, esse planejamento não está pronto.
O historiador Milton Teixeira lamenta a demora e o estado de abandôo das casas. Ele é um dos que defendem a utilização comercial dos prédios do Largo, como pousadas ou lojas, já que ficam próximos à estação de trem do Corcovado.
- Não agüento ver essas casas caindo aos pedaços. Infelizmente, a tendência de nós, profissionais de turismo, é evitar o Largo do Boticário devido à situação de ruínas em que a maioria das construções se encontra - diz ele, que também é guia de turismo.
Apesar dessas condições precárias, o Largo é tombado pelo Inepac e foi declarado pela prefeitura. Em 1986, Área de Proteção do Ambiente Cultural do Cosme Velho. Seu estilo neocolonial se deve a reformas, entre as décadas de 20 e 30, que usaram restos de prédios antigos derrubados durante a remodelação do Centro, no início do século passado.
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Legenda: Em estilo neocolonial. As construções são propriedade particular. Mas a prefeitura afirma ter planos para reformá-las
Foto: Gustavo Stephan