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JORNAL DO BRASIL - Caderno B - 07 de fevereiro de 2006
(continuação)

Promessas de concretização

Mas a Secretaria das Culturas tem uma promessa ainda mais ambiciosa de construção: pôr em funcionamento a Rede Municipal de Artes Visuais, integrando as programações das galerias administradas por ela como as do Espaço Cultural Sérgio Porto, o Centro Hélio Oiticica, o Castelinho do Flamengo e o Parque das Ruínas.

- Ainda estamos estudando como funcionará essa rede, mas será uma das grandes realizações da Secretaria este ano - aposta Macieira.

Na Tijuca, o secretário conta estar investindo R$ 3 milhões no restauro do palacete da esquina das ruas Conde de Bonfim e Garibaldi, no qual pretende instalar o Centro de Referência da Música Carioca. Funcionariam no local uma escola de choro, um auditório, salas de exposição, um café concerto e um núcleo de pesquisa e documentação, que fará o inventário da produção musical do Rio. No Passeio Público, o prédio em estilo neoclássico do Automóvel Clube do Brasil, construído no século 19 e no qual até recentemente funcionou um bingo, já passa por obras estimadas em R$ 10 milhões para se transformar na Biblioteca Central do Município, em uma parceria da Prefeitura com o Sesc Rio (conforme antecipou reportagem do Caderno B de 9 de dezembro).

E a Biblioteca Popular Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, deve mudar de endereço em setembro: seus mais de 26 mil livros passam da Av. Nossa Senhora de Copacabana para a Casa Villiot, na Rua Sá Ferreira. O imóvel, último projeto do arquiteto italiano Antonio Virzi no Rio e uma das mais avançadas construções do país nos anos 20, terá seu restauro, de R$ 800 mil, concluído este ano.

Para o antigo Cassino da Urca, a Prefeitura também tem planos de restauro, capitaneados pelo Centro de Arquitetura e Urbanismo. O conjunto composto por dois prédios, construído em 1920 para abrigar o Hotel Balneário e que também foi sede da TV Tupi, seria o Museu do Desenvolvimento Urbano, com uma biblioteca, salas para palestras e uma exposição permanente sobre o crescimento arquitetônico e urbanístico da cidade. O orçamento do projeto é de R$ 14 milhões, vindos de investimentos de empresas por meio das leis de incentivo do ICMS (estadual) e Rouanet.

Entre os centros culturais de empresas, o próximo a ser inaugurado é o Caixa Cultural, na Av. Rio Branco, entre abril e junho. Estimado em R$ 8 milhões, o espaço com mais de 4 mil m² terá um teatro de arena para 240 pessoas, dois cinemas não-comerciais, com 90 e 80 lugares, duas galerias e salas de oficina de arte.

- Com a abertura deste Caixa Cultural, o outro, na Av. Chile ( no Centro ), ficará voltado para o teatro e a dança, com exposições temáticas. O espaço da Av. Rio Branco estará preparado para exposições internacionais, inclusive com sala de desembalagem climatizada. Nosso foco será em fotografia - diz Regina Ramos, coordenadora da Caixa Cultural no Rio.

Perto do Museu da República, na Rua do Catete, 243, está o futuro Centro de Cidadania Barbosa Lima Sobrinho, uma iniciativa da Uerj. O conjunto arquitetônico, com um prédio principal do início do século 19 e três anexos dos anos 30 e 40 do século 20, foi encontrado em situação calamitosa segundo a coordenadora do projeto, Sonia Faerstein. A equipe responsável pelo centro concluiu recentemente a reconstrução da estrutura e do telhado do conjunto, com R$ 800 mil. Agora prepara-se para o restauro da fachada e a reforma interior dos prédios, que já abrigaram também a União Nacional dos Estudantes. O projeto aguarda o aval das comissões das leis federal e estadual de incentivo à cultura para captar os R$ 15 milhões necessários para terminar a obra e também a catalogação e digitalização do acervo. Além da biblioteca, com 31 mil documentos do jornalista, morto em 2000, haverá salas para aconselhamento jurídico, galeria e a Casa de Cultura e Memória da Faculdade de Direito - o prédio foi sede da Faculdade de Direito da Uerj até 1976.

- Se conseguirmos a verba a tempo, nossa inauguração será em 2007. Mas o Centro já está funcionando, sob a forma de seminários e afins - diz Sonia.

A antiga Casa do Estudante Universitário, prédio histórico da UFRJ na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, também passa por restauração para sediar, provavelmente a partir do ano que vem, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos, da universidade. O prédio será usado para seminários, oficinas e cursos livres, com agenda aberta ao público e uma grande biblioteca. A restauração do prédio, inaugurado nos anos 20, está orçada em R$ 14 milhões e tem entre os patrocinadores Eletrobrás e Petrobras.

- Já terminamos a restauração do prédio anexo e calculamos a abertura do principal para daqui a dois anos. Ainda nos falta captar parte dos recursos, pois a UFRJ não dispõe deles - diz Adilson de Oliveira, professor do Instituto de Economia da UFRJ e diretor-executivo do Colégio de Altos Estudos.

Se no Rio a tendência dos novos centros de arte é a de se instalar em imóveis quase centenários, Niterói promete dar novo vigor a sua vida cultural com a inauguração das obras do Caminho Niemeyer. O Teatro Popular e a Praça Juscelino Kubitschek, desenhados pelo arquiteto Oscar Niemeyer para o centro da cidade, têm inauguração marcada para junho. Em termos de acervo, as duas construções mais esperadas são o Centro Petrobras de Cinema e a sede da Fundação Oscar Niemeyer, com previsão de abrirem as portas no próximo ano ou em 2008.

Originalmente chamado Museu BR do Cinema Brasileiro, o prédio de três andares no bairro de São Domingos, com desenho inspirado nos rolos de filme, teria cinco salas de cinema com até 100 lugares, uma sala de projeção de 500 lugares conversível em auditório, salão de exposições, biblioteca, lojas e praça de alimentação. Presidente do grupo executivo do Caminho Niemeyer, Rodrigo Figueiredo afirma que a estrutura do prédio será concluída neste mês. Segue-se a ela a fase de acabamentos, com previsão de um ano para ficar pronto e orçamento de cerca de R$ 8 milhões.

- O investimento para o centro será de mais de R$ 15 milhões. Ainda precisamos fazer a licitação para saber que grupos administrarão as lojas e os cinemas. Queremos que a programação seja de filmes de arte - diz Figueiredo.

O presidente do grupo executivo do Caminho Niemeyer considera o prédio da FON a jóia da coroa dentro do conjunto arquitetônico em construção. Os 4 mil m² do imóvel, orçado em R$ 15 milhões, abrigarão todos os documentos, projetos, maquetes e mesmo objetos pessoais do arquiteto brasileiro. Em um prédio anexo, haverá salas para cursos relacionados à arquitetura. O projeto, até o momento patrocinado pela Barcas S/A, está sendo inscrito na Lei Rouanet para captar apoio de outras empresas.

- Também vamos tentar recursos diretos do governo federal, afinal trata-se de um empreendimento de relevância nacional - diz Figueiredo.

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