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Rio, 9 de junho de 2014
Na segunda-feira da semana passada, por volta das 11h30 da manhã, a menos de dez metros da porta do Instituto Nacional de Cardiologia, Luiz Claudio Marigo acabava de sofrer um mal estar súbito no interior de um ônibus.
Apesar dos diversos pedidos de socorro dirigidos ao hospital pelo motorista Amarildo Gomes, pelo cobrador Reinaldo dos Santos, e por vários passageiros, Luiz Claudio não recebeu atendimento imediato e agonizou durante cerca de 45 minutos no interior do ônibus. Foi necessário aguardar a chegada de uma ambulância do SAMU e, em seguida, de uma equipe de bombeiros socorristas.
Digam:
- Como é possível que um hospital de grande porte e bem aparelhado não tenha oferecido socorro imediato, enquanto o ônibus em que Marigo agonizava bloqueava o trânsito e grande quantidade de cidadãos curiosos e indignados permaneciam na porta do hospital?
- Por que esses poucos metros se tornaram intransponíveis? Por que os pedidos de socorro não foram acolhidos? Porque nenhum profissional de saúde - médico ou enfermeiro - foi imediatamente convocado para avaliar a gravidade da situação e prestar o devido atendimento?
Uma instituição de saúde, seja ela pública ou privada, não pode estar alheia ao que acontece ao seu redor, muito menos ao que acontece em sua porta.
- Que tipo de prática hospitalar e de política de saúde pública produz esse descaso com a vida humana, esse embrutecimento da sensibilidade, que leva um hospital de referência, financiado com recursos públicos, à omissão de socorro a uma pessoa que não tem mais voz para clamar pela ajuda que poderia vir a salvar a sua vida?
Luiz Claudio Marigo dedicou 40 anos à documentação fotográfica da natureza brasileira. Acreditava que, ao mostrar a beleza da diversidade das paisagens e espécies da flora e fauna nas suas fotografias, tocaria o coração de todos para a necessidade de sua preservação. Apaixonado por essa missão, levou suas ações além do campo da fotografia, tornou-se conservacionista e participou da criação da Reserva Mamirauá, na Amazônia, uma referência na preservação ambiental.
Esse foi Luiz Claudio Marigo, que morreu sem atendimento em frente ao prestigiado Instituto Nacional de Cardiologia. Um homem tão especial, sacrificado como tantos brasileiros, nas portas, no chão, nas enfermarias dos hospitais públicos, vítima da falta de humanidade, vítima da falta de gestão, vitima do descaso das políticas públicas no Brasil.
Trazemos aqui, em memória de Marigo, um grito de socorro, com a força da revolta e da tristeza que trazemos no peito.
Clamamos por mudanças! Omissão de socorro, NUNCA MAIS!
Cecília Banhara Marigo
Gustavo Banhara Marigo
Vitor Banhara Marigo
AFNATURA - Associação de Fotógrafos de Natureza
FOTORIO - Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro
Arfoc Brasil - Associação Brasileira dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos
Rede de Produtores Culturais de Fotografia do Brasil
Sociedade Fluminense de Fotografia
COA - Clube de Observadores de Aves do Rio de Janeiro
Amigos e admiradores de Luiz Cláudio Marigo