GLOBO - Zona Sul -
Rio, 16 de março de 2006
Museus terão ronda eletrônica
Por Rodrigo March
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Os museus administrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio passarão por ronda eletrônica da Polícia Militar e estarão entre os pontos estratégicos da Região Metropolitana que receberão câmeras para os Jogos Pan-Americanos de 2007.
Segundo o diretor do Departamento de Museus do Iphan, José do Nascimento Junior, a ronda será feita por policiais do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur). O sistema será supervisionado, já que cada vez que passarem pelos museus os policiais terão que acionar pontos eletrônicos.
Enquanto cumpre os prazos de licitação para comprar os equipamentos e as câmeras, o Iphan fará uma contratação emergencial para aumentar o número de vigilantes em 25%.
- Além disso, todos os museus estão revendo seus planos de segurança - resume o diretor do Iphan.
A situação vulnerável dos museus no Rio, exposta após os roubos ocorridos no Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa, no dia 24 de fevereiro; e no Museu da Cidade, na Gávea, no último dia 6, levou o Iphan a repensar todo o esquema de vigilância.
Na Zona Sul, além do Chácara do Céu, estão sob a responsabilidade do Iphan o Museu da República, no Catete, e o Museu Villa-Lobos, em Botafogo.
Os recentes episódios deixaram os diretores dos museus da região preocupados. Alguns preferem nem dar entrevista, para não chamar a atenção dos ladrões para o acervo das instituições.
Para o diretor do Museu Villa-Lobos, Turíbio Santos, a preocupação é inerente à atividade, mas ele reconhece que os museus levaram um grande susto:
- O Chácara do Céu obedecia aos parâmetros de segurança de qualquer museu. Agora, temos uma situação nova. Por isso, estamos reavaliando em conjunto todas as medidas de segurança. Sabemos que o que guardamos é precioso, porque o valor simbólico é inestimável. Ao mesmo tempo, não podemos trancar nossos tesouros num cofre. Temos que expô-los.
A museóloga Jacqueline Finkelstein, diretora do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil, no Cosme Velho, partilha da mesma apreensão.
- Quem praticou ou encomendou esses roubos com certeza entende de arte, porque sabia o valor dessas obras - diz ela.
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"Sabemos que o que guardamos é precioso. Ao mesmo tempo, não podemos trancar nossos tesouros num cofre. Temos que expô-los"
TURÍBIO SANTOS
Diretor do museu Villa-Lobos
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Fotos do alto:
O Museu da Republica, no Catete, é administrado pelo IPHAN no Rio e também pasará pela ronda eletrônica dos policiais do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas
Carro da
Polícia Federal, no Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa, que foi assaltado no dia 24 de fevereiro por bandidos armados.