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Resultados do mutirão de limpeza do Rio Carioca

O dia 7 de novembro de 2008 ficará gravado a história das comunidades do Cosme Velho, do Parque Nacional da Tijuca, voluntários, amigos e parceiros, como uma data histórica na busca de diálogo e luta pela qualidade de vida.

Em clima de festa e alegria, o Grupo Anfitriões do Cosme Velho, formado por jovens das comunidades que atuam na recepção de visitantes que buscam o Corcovado e outros pontos de atração do bairro, receberam técnicos do Parque Nacional da Tijuca,  Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Nova Iguaçú, voluntários, representantes das ongs Defensores da Terra e Terra Azul, UFRJ, artistas de grafite do Circo Voador e Nova Iguaçu, garis comunitários, moradores e  associações do bairro, para um dia de trabalho e confraternização, em torno do Rio Carioca.

Concentrados no trecho do Rio Carioca que passa na comunidade Guararapes, os participantes realizaram um mutirão de limpeza no rio, retirando mais de um caminhão de lixo de suas águas, recolhido ao fim do trabalho pela COMLURB. Ao mesmo tempo, os artistas pintaram muros e fachadas das casas com temas culturais e eológicos, culminando com um churrasco de confraternização.

Pedro Rogério Rafael Moreira, presidente do Grupo Anfitriões do Cosme Velho, que conta com a participação de 50 jovens das comunidades Guararapes, Cerro Corá e Vila Cândido,  esteve à frente dos trabalhos com  a equipe do Parque Nacional da Tijuca e os outros parceiros do evento. Em sua opinião, o evento contribuiu fortemente para ampliar a interação das comunidades com a sociedade em geral, assim como buscar maior diálogo face aos problemas locais.

"Nossas maiores dificuldades dizem respeito à insuficiência de saneamento básico e à interrupção do Projeto Guardiães do Rio".  O Rio Carioca apresenta-se cristalino na "piscininha", nas proximidades da Almirante Alexandrino, em frente à antiga área de captação de água da CEDAE. Este paraíso vira um esgoto a céu aberto poucos metros abaixo, à medida o Rio Carioca recebe o esgoto das casas. "A maior parte das casas conta com esgotamento sanitário. Falta apenas completar o saneamento em cerca de 10% das residências e dar uma manutenção onde a rede estourou. Com a água limpa e o retorno dos guadiães do Rio, a água voltará a ter vida. Queremos que nossa comunidade seja uma referência na proteção do meio ambiente", garante do jovem Anfitriâo.

Os jovens Anfitriões buscam ampliar seu papel como cidadãos e estabelecer uma relação positiva com os moradores do bairro e visitantes que vão ao Cristo Redentor, participando também de várias ações para o aprimoramento profissional.

A história da comunidade

O primeira parte do evento, uma prece ecumênica, foi realizado num local muito importante para a comunidade, em frente à Creche Tia Amália. Líder religiosa, parteira e curandeira, uma das primeiras moradoras,  de grande relevância na história de Guararapes. Tia Amália teve seu nome escolhido para nomear a creche, em plebiscito na comunidade em 1967.

Em documentos do primeiro presidente da Associação dos Moradores de Guararapes, Cláudio de Morais, revelados  por sua filha Lucimar, que recebeu os participantes do mutirão e abriu seus arquivos de textos, filmes e fotos históricas, ele relata lutas históricas por direitos sociais e urbanização da área, assim como a história do índio e do negro na região. O berço do Rio Carioca e o berço da cidade misturam-se nesta área histórica. Nas proximidades da favela existiram aldeias indígenas e quilombos, mais tarde fazendas. Hoje, a cidade e as áreas do Parque Nacional da Tijuca.

A comunidade Guararapes teve início em 1930, com um pequeno núcleo de moradores, ampliado em seguida por parentes e amigos do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. "Antes nós éramos moradores da extinta Fazendinha, de propriedade do coronel Fantainha, sendo o Sr. Rômulo de Moraes Couto o responsável pelos empregados da fazenda, onde hoje localiza-se parte da ladeiras  Guararapes, Peixoto, Conselheiro Lampreia e Mauriti Santos. Com a venda da fazenda para a imobiliária Perseverança, as famílias tiveram necessidade de atravessar o Rio Carioca, ocupando a área de propriedade da família Maial Guilei. Em 1967, após 30 anos de ocupação, a nova geração de Guararapes teve a honra de estar organizada e comprar a propriedade de 33.720 m2, por 50.000 cruzeiros, pagos de 1967 a 1974, pagando todos os débitos", afirmou o primeiro presidente da Associação de Moradores, Cláudio de Morais.

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