O GLOBO Zona Sul - quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Cosme Velho pede ajuda
Bairro sofre com calçadas pequenas e falta de ontrole de velocidade
Daniel Brunet
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Cravado entre Laranjeiras e um dos acessos ao Túnel Rebouças, o Cosme Velho é um bairro que recebe anualmente, segundo a empresa Trem do Corcovado, cerca de 600 mil turistas - o equivalente à lotação de 6,5 estádios do tamanho do Maracanã -, com destino ao Cristo Redentor.
Para os moradores, essa demanda deixa expostas as falhas na estrutura no bairro.
De acordo com o vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos do Cosme Velho (AMA Cosme), Sérgio Castiglione, os principais problemas do bairro são o tamanho das calçadas - num trecho sequer há calçamento -, a falta de controle da velocidade dos carros e o sinal de transito em frente à entrada do Corcovado, que demora muito tempo para fechar.
Semana passada, a equipe do GLOBO-Zona Sul esteve no bairro e cronometrou o tempo do sinal. Uma das vezes, o sinal chegou a ficar seis minutos e 52 segundos aberto. Enquanto isso, as pessoas se aglomeravam nas calçadas, sofrendo com a alta temperatura. Alguns buscam refúgio na sombra do poste.
- A situação piora no fim de semana, quando tem mais turistas. Muitos pensam que o sistema é igual ao de países da Europa (onde o sinal fecha quando alguém pisa na pista) e tentam atravessar. Só vão resolver isso quando houver uma tragédia aqui - afirma Castiglione.
Na semana passada, o aposentado Jorge Simão, 74 anos, ficou quase cinco minutos esperando o sinal abrir. Apesar de ter apertado o dispositivo que faz a luz vermelha acender, o aparelho não funcionou. Ele se irritou, atravessou a rua com o sinal aberto e reclamou com os guardas municipais, que só após perceberem a presença da equipe de reportagem, decidiram interromper o fluo dos carros com o apito.
- É sempre assim, demora muito - reclama Simão.
Esquerda - O morador Jorge Simões reclama da demora do sinal de trânsito comum guarda municipal
Direita - Enquanto aguardam o sinal abrir, algumas pessoas procuram a sombra para fugir do calor.
Esquerda - Alceu Nobre (à esquerda) e Sérgio Castiglione, da AMA Cosme
Direita - Calçada estreita: pedestres se arriscam andando pela rua. A AMA Cosme quer que elas sejam ampliadas.
Moradores querem redutor de velocidade
Há cinco anos, a AMA Cosme pede que um redutor de velocidade seja instalado na Rua Cosme Velho. No final do ano passado, um novo pedido foi feito. A idéia dos líderes comunitários é que o aparelho obrigue os motoristas a passarem trecho, próximo à Igreja de São Judas Tadeu, a 30km/h.
- Temos três grandes escolas no Cosme Velho. Os carros passam em alta velocidade e nos deixam preocupados - afirma o morador Alceu Nobre.
Mas a situação das calçadas do bairro é o que mais tira o sono dos moradores. Em frente à Igreja de São Judas Tadeu, há um trecho em que o pouco espaço que existe é ocupado por um poste.
- Devia estar no livro dos recordes: esta é a menor calçada do mundo, com um poste no meio - ironiza Nobre.
Representantes da AMA Cosme pedem que a calçada do lado direito - de quem sobre a Rua Cosme Velho - seja aumentada.
- As pessoas são obrigadas a passar pela rua e colocam a vida em risco. Como no trecho há uma curva, o pedestre não vê se está vindo carro - reclama o vice-presidente da AMA Cosme.
Apaixonado pelo bairro, o jornalista e apresentador do "Big Brother Brasil", Pedro Bial, vai duas vezes por semana ao Cosme Velho,onde seu médico tem consultório. Ele é um dos que defendem que o bairro deveria ter mais atenção do poder público.
- O Cosme Velho deveria ter tratamento especial, como Ipanema tem. Aqui morou o gênio da literatura brasileira, que foi Machado de Assis. Aqui,o Rio foi inventado. Mas essa situação das calçadas é complicada, não vejo uma solução - afirma Bial.
O titular da 4ª Região Administrativa, Rodrigo Pian, afirma que as reclamações estão sendo estudadas por órgãos como Rio Urbe, CET-Rio e Secretaria de Obras de Conservação. Os moradores tiveram ainda uma reunião com representantes da Secretaria municipal de Cultura, já que o bairro tem muitas construções tombadas e valor grande histórico para a cidade.
- É complicado. Implica a diminuição da faixa de rolamento,o que não é bom para o trânsito. Mas estamos preparando um projeto - diz Pian, em referência à ampliação da calçada, e sem apontar uma data para as intervenções.
A assessoria da Secretaria municipal de Urbanismo (SmU) informa que ainda não há projeto para o bairro.
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Fotos de Letícia Pontual