O Globo | Rio, 26 de setembro de 2006
Praça vira acampamento de mendigos
Drogados, moradores de rua brigam e danificam carros em Laranjeiras
Fernanda Pontes
Um grupo de pelo menos 20 moradores de rua, entre homens, mulheres e adoles-centes, vem atormentando comerciantes e pedestres na Praça David Bem Gurion, em Laranjeiras. O grupo trans-formou a praça num acampamento, espalhando roupas, comida, caixotes e até colchonetes e cobertores pelos bancos e pelas árvores. Ànoite, além de se drogarem, acabam se envolvendo em brigas e, na semana passada, atingiram com uma pedra um carro estacionado em frente à Clínica Perinatal.
O grupo já é velho conhecido de moradores de Laranjeiras e fica cada vez maior. Os mendigos dormem na praça e tomam banho no chafariz, reformado em julho pela Fundação Parques e Jardins.
– É um problema recorrente. Por lei, eles podem ficar na praça, mas o comportamento deles é pouco civilizado. Já ouvimos reclamações de que fazem sexo ali. Já pedimos ajuda à Polícia Militar e à Guarda Municipal, mas nada é feito – Lamenta o presidente da Associação de Moradores e Amigos de Laranjeiras (AMAL), Paulo Marrayo.
Pedestres, com medo, buscam abrigo em quiosque
A situação piora quando há brigas no grupo. Pedras portuguesas e pedaços de madeira arrancados dos bancos da praça são usados como arma. Quem mora no local, como a vendedora Bianca Reis, conta que as pessoas ficam com medo de passar pela praça e buscam abrigo no quiosque de flores.
– Comigo nunca fizeram nada, mas as pessoas que vêm comprar flores pedem para eu acompanha-las até a Perinatal. Mas o pior é quando eles brigam e jogam pedras e pedaços de pau para todos os lados. A praça também está sempre imunda – afirma.
Na semana passada a briga foi tão séria que um dos rapazes atirou pedaços de pau e pedras em cima de uma mulher, mas acabou atingindo um carro estacionado em frente à clínica. Na confusão, moradores do bairro, com medo, atravessaram a rua para não passar pela praça.
Os taxistas que trabalham no entorno da praça também reclamam da desordem dos moradores de rua.
– Acredito que eles não praticam roubos, mas a gente sempre os vê bebendo e cheirando cola á noite. Quando estão drogados, é um problema. Imagina se acertam uma grávida saindo do hospital? - diz o taxista Cláudio Sampaio.
O comerciante Manoel Andrade Mattar vai além:
– Eles dormem sob as marquises da agência bancária e da mercearia. Quando alguém passa fazendo barulho, eles reclamam e pedem para as pessoas falarem mais baixo. Muitos deles também aproveitam o beco da rua Cardoso Júnior como banheiro. O cheiro é insuportável.
A Perinatal já recebeu reclamações. Segundo a assessoria de imprensa da Clínica, a segurança da casa é suficiente, mas falta policiamento no entorno na praça. A Secretaria municipal de Assistência Social alegou que atua permanentemente junto ao grupo, tentando convencê-los a deixar as ruas. Uma equipe foi enviada ao local ontem à tarde para verificar as denúncias.
ONDE RECLAMAR
Ouvidoria da Secretaria municipal de
Assistência Social: 3973-3800
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Foto de Hipólito Pereira