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A Praça é do Povo

Amigos faz tempo que deixei o teclado em detrimento do meu dia a dia, "Viva la Vida Loca", mas em face de acontecimentos recentes nas nossas Praças e Ruas, achei que valia a pena rabiscar mal traçadas linhas sobre a Arte nas Ruas.

Vivemos hoje no Brasil, e acho que tenho propriedade no comentário, pois meu contato com artistas de Rua que viajam de Norte a Sul, mais engajados do que eu na Arte das Ruas, me deu a dimensão sem maquiagem ou invencionice, de que vivemos um momento triste em época de democracia. A Arte, a Cultura, o Mambembe, o Circo Teatro de Rua, o músico de rua, enfim todos que de uma maneira ou outra levam sua arte visceral, pura, democrática, nas Ruas e Praças, tem seu espaço a céu aberto diminuído, encurralado, achincalhado, expulso, algemado, currado e expurgado, e com o andar da carruagem, reduzido a guetos.

Vi e vivi a proximidade da proibição de amigos, artistas de Rua, com mais de 20 anos de estrada, ter autorizações para seu trabalho, ganha pão no que tem de melhor e mais digno desta palavra, passarem por empurra empurra de repartições que autorizam para outras que com seu poder dito público negam, algo tipo a Secretaria de Cultura libera, e na ponta da corda a autorização derradeira é negada, sem critério, sem avaliação, sem arte, sem conhecer a arte, sem saber o significado do que é arte, sem nunca ter estudado nas escola o que é arte, a mesma arte que no exterior o viajante admira, elogia, reverencia, mas que em sua terra natal nunca parou para apreciar, colocando no mesmo patamar do morador de rua que infelizmente leva uma vida sem arte, sem alegria, no mesmo patamar do Camelô que luta seu dia a dia pelo pão, e infelizmente, sem arte.

Na semana que passou vi um mesmo espetáculo de Rua, no Largo de Machado e no Largo da Carioca, vi 250 pessoas em cada um destes lugares, se regalarem com a Arte plural, vi olhos brilhando de alegria, vi olhos marejados de emoção, esta mesma arte que por pouco não conseguiu as autorizações, e que em Campo Grande, foi expulsa no melhor estilo 1964, privando o povo, o morador de rua, o camelô, o bêbado, a criança e até o cachorro, de sentir o que é arte e cultura.

Poderia escrever laudas e laudas, mas confesso que a emoção que irrompe em mim neste momento poderia me trair e escrever mais do que devo, pois afinal, parece que a Patrulha Ideológica, pode saltar da tela de meu PC, e me pegar pelo pescoço antes que eu termine.

Posto para vocês 3 fotos para reflexão, feitas na semana que passou. A primeira na Praça Ben Gurion, dentro do Chafariz, com um carrinho de Supermercado, para quem quisesse ver, a segunda e a terceira com fotos de teatro de Rua, no Largo da Carioca. Apenas reflitam um pouco sobre o que queremos para nossas Praças, para nossas vidas, se queremos levar nossas vidas com mais Arte, na expressão mais democrática que é a Arte nas Ruas.

Paz a todos, e uma boa semana, sempre com Arte.
Abs

Alceu Nobre Junior
Ex-Presidente da AMA Cosme Velho

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