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É praticamente impossível chegar na EDEM e não perceber a novidade: um enorme viveiro, de quatro metros de largura e feito só com bambu e corda, foi montado na entrada da escola. Até o fim do ano, é ele que vai abrigar mais de 12 espécies de mudas da Mata Atlântica (em um total de 600 a 800 delas), que depois de semeadas, serão cuidadas semanalmente por alunos de 5º e 6º ano do Ensino Fundamental, com a supervisão semanal de profissionais do projeto Escola Floresta, da Ong Sustentart.
No primeiro dia de atividade, as crianças aprenderam a importância da iniciativa promovida pela escola.
“O conjunto de mudas de árvores plantadas no viveiro tem o objetivo de neutralizar as emissões anuais de dióxido de carbono (CO2). O nosso projeto ensina às crianças como as ações diárias podem transformar o cenário ambiental”, explica a bióloga Nina Arouca, que semanalmente vai cuidar das mudas com as turmas, e é coordenadora do Projeto Escola Florea.st
O conceito da Escola Floresta foi trazido para o Brasil pelo mexicano Daniel Garza, um dos criadores da Ong Reforestamos Mexico (www.reforestamosmexico.org).
“Fiquei maravilhado com a possibilidade de fazer o projeto acontecer aqui. Vamos reflorestar as mudas que crescerão na escola esse ano. Temos uma parceria com a prefeitura, e devemos fazer esse plantio em uma área com terra especialmente preparada, na Floresta da Tijuca ou no Parque Estadual Pedra Branca, que fica na Zona Oeste.
Segundo Garza, um dos diferenciais do projeto no Brasil foi a estrutura do viveiro:
“No México, usávamos uma estufa tradicional, com estrutura de ferro. Aqui optamos pelo bambu, que torna a estrutura do viveiro mais ligada à sustentabilidade. Como acompanham e participam de todo o processo, as crianças sempre se envolvem muito. É um trabalho bonito, prazeroso”, explica ele.
André Felipe Blanco Fernandes, aluno do 6º ano do Ensino Fundamental, adorou a experiência:
“Sempre confundia bambu com cana-de-açúcar, mas hoje eu não só entendi a diferença, como aprendi várias curiosidades sobre a utilidade dele”.
Rayane Pinheiro Damasceno Silva, ao lado da amiga Gabriela Werner Vieira Guimarães, também do 6º ano, não vê a hora de conferir o viveiro repleto de mudas.
“Vou acompanhar todo o processo desde o começo. É uma experiência totalmente diferente de tudo que a gente já aprendeu aqui na escola”, conta.
A geógrafa Bianca Segreto da Fonseca, que trabalha com Garza, foi quem ensinou ontem aos alunos como prender os bambus. A atividade despertou curiosidade:
“Para armar o viveiro, preferimos unir os bambus com a corda. Usar pregos é ruim, é agressivo, além de atrair insetos e comprometer a saúde do bambu. Agora, sempre que olharem para o viveiro montado, as crianças vão saber exatamente como os bambus foram unidos.”
Para Judy Galper, diretora geral da Edem, o que é mais encantador no processo é a possibilidade de os alunos se envolverem com uma atividade que tem começo, meio e fim.
"A gente já fez outros trabalhos informativos sobre a Mata Atlântica, mas é a primeira vez que vamos colocar mesmo a mão na massa. É uma ótima chance de as crianças dessa faixa etária se envolverem de maneira direta com a questão da consciência ecológica”, conta.
Ela emenda:
“É interessante pensar que as crianças vão entender que algumas dessas mudas não vão crescer, apesar de cuidadas e regadas, porque não se desenvolvem bem em um determinado ambiente. Apesar disso, a maior parte delas vai se desenvolver e crescer. Ao final do projeto, com o reflorestamento, estamos prevendo um grande evento, com a presença das famílias”.
Na opinião de Judy, a questão do impacto ambiental é fundamental de ser entendida além das fronteiras da escola, porque tem relação direta com os hábitos de vida em casa.
“Se uma criança vem sozinha de carro com o pai para a escola, por exemplo, ela fica sabendo que tem responsabilidade indireta pela emissão de gás carbônico. É importante que tenha esse olhar crítico desde cedo e perceba seus hábitos como cidadã que já é”, explica ela.
Curiosidades sobre o bambu: você sabia?
- É uma planta de crescimento muito rápido: algumas espécies chegam a crescer um metro por dia.
- Faz parte da família das gramíneas, assim como a grama, o trigo e o arroz.
- Em algumas culturas, o chamam de madeira, mas ele não é uma árvore.
- Há mais de 1.100 espécies diferentes dele espalhadas pela Terra.
- O Sudeste Asiático é a região com maior diversidade de espécies. O Brasil vem logo atrás, com mais de 200 espécies nativas.
- Deve ser cortado na Lua minguante e nos meses sem a letra “R” (maio, junho, julho e agosto)
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