01/05/09
Muros, suas histórias suas realizações (ou muro prá que te quero)
Um breve passeio pela história da humanidade encontramos a construção de muros: pequenos, grandes, extensos, curto, altos, baixos, mas sempre estão lá, soberbos, eretos, a mostrar sua presença, a tentar justificar "a que veio". Geralmente, os muros são usados como limites territoriais, separadores de lado, para separar fisicamente, pessoas, ideologias, pensamentos e comportamentos, e também para proteger (ou esconder) valores materiais.
Cada muro tem seu registro na história, seja pelo seu glamour, pelas dimensões, número de pessoas envolvidas em sua construção, custos... mas, também pelos seu(s) objetivo(s) de existir, de ser construído, de estar ali, naquele local, (e não em outro, ou até em nenhum outro).
O muro pode ser entendido sob várias óticas, como por exemplo, por sua
anatomia e por
alguns de seus efeitos com relação a alguns de seus objetivos:
Anatomia do Muro
- Lado de cá do muro, onde geralmente estamos, onde todos são iguais, todos temos os mesmos pensamentos, comportamentos, onde nos sentimos seguros e confiantes, e também um pouco curiosos por saber por que o outro, do "outro lado" do moro não está aqui.
- Lado de lá do muro, onde geralmente estão os outros, são diferentes de nós, têm hábitos que nos incomodam, estão sempre fazendo as coisas erradas, ou pelo menos, da maneira errada, "eu faria diferente..". É lá que direcionamos soluções do tipo "isso é problema deles", mas é de lá também que às vezes nos vem aquele sentimento de que "a do vizinho é melhor".
- Lado de cima do muro, onde geralmente encontram-se os incrédulos, indecisos, oportunistas e outros, que esperam por um momento favorável para decidir para qual lado ir, geralmente retornam para cima do muro, onde se sentem "seguros e confortáveis", têm lugar cativo no muro
- Segundo um velho político, "O muro é sempre pequeno para a quantidade de gente que quer ficar lá", e quando o clima político ficava meio tenso , meio confuso, o velho político dizia com ar solene e pensativo: "É..., vou pegá meu chapéu e buscá meu lugar, o muro tá ficando pequeno, não vai dá pra todo mundo não!!".
- Lado de baixo do muro, onde geralmente estão enterradas todas as explicações que os dois lados gostariam de ter, como custos de obra, material utilizado, qualidade, segurança e as boas, más e escusas intenções. Segundo ainda este velho político : "Quem é que vai entrar debaixo da terra pra conferir? , nem tatu !!, a terra esconde tudo!!!".
Muros, alguns de seus efeitos com relação a alguns de seus objetivos
Alguns muros nos servem de referência na história, por suas intenções, suas magnitudes, e seus resultados práticos:
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A Muralha da China
Sua função: Conter as constantes incursões dos povos, mongóis e outros ,que ameaçaram o império chinês ao longo de sua história.
Foi iniciada por de volta de 220 a.C. tendo seu esplendor por volta do séc XV, começou com uma extensão de três mil quilômetros e segundo anunciaram cientistas chineses, em abril de 2009, o comprimento total da muralha seria de 8.850 Km, com um número estimado em cerca de quarenta mil torres de observação.Foram necessárias( cálculos estimados) para sua construção cerca de trezentos milhões de metros cúbicos de material, um milhão de trabalhadores, e uma perda por volta de duzentos e cinqüenta mil vidas.
Resultado: Com toda a sua magnitude e dimensões, a Grande Muralha em momento algum de sua história conseguiu conter ou sequer inibir qualquer das incursões dos inimigos do Império Chinês ....
E as incursões dos povos inimigos?
Muro de Berlim
Sua Função: conter as tensões e perturbações na fronteira de Berlim Ocidental.
Construída na madrugada de 13 de Agosto de 1961, na Alemanha. Com 66,5 Km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para cães de guarda., este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.
Resultado: Uma Alemanha, um mesmo povo, uma mesma cultura, dividida por força e pela força de ideais políticos. Um mundo dividido em torno de uma guerra que nunca poderia acontecer, mas que se mostrava em pleno desenvolvimento e presente, seja pela construção de uma ideologia atômica seja pela ameaça iminente de uma guerra nuclear. Uma guerra onde os inimigos jamais se vêem, onde todas as populações são vítimas, independentes de quais ideologias as fazem e ou as mantém subjugadas. O Muro de Berlim caiu na noite de 9 de Novembro de 1889 , depois de 28 anos de existência...
E as tensões e perturbações na fronteira de Berlim Ocidental ?
Também a história tem nos mostrado que propostas, quando bem formuladas e entendidas, apresentam melhores possibilidade de apresentarem bons resultados quando fundamentadas na interação de todos os envolvidos na solução do problema e não na separação dessas pessoas, seja por muro, ideais ou classe social.
Por Joaquim Santos
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