O Ser uma pessoa boa

Em toda comunidade, existem atos que são obrigatórios, e atos que são proibidos, atos que são louvados e atos que são reprovados.

Quando pertencemos a uma comunidade mais abrangente, maior, o escopo dos deveres e dos possíveis "pecados" torna-se maior, com mais considerações, mais complexas.

Mesmo dentro desta perspectiva, ainda perdura, se faz existir um código, ao qual todos devem obedecer, se conformar em tê-lo como o modelo de conduta, sob a ameaça da punição como a condenação pública.

Os códigos de moral têm sua história de surgimento, aplicação em diferentes tempos e lugares, Como exemplo :Hamurébi, as leis judaicas, Confuncionismo, e outras.

Esta diversidade de códigos de moral não nos premia com a virtude de dizer que atos de uma espécie sejam corretos ou atos de outra espécie sejam errados, a menos que consigamos definir uma modo para concluir que um ou alguns códigos sejam, ou possam vir a ser, ou não melhores ou piores que outro ou outros códigos.

Quando estamos em uma sociedade onde, por ausência do saber da existência, do ignorar, a possibilidade de existir outras sociedades com outros códigos, temos a tendência natural a considerar nosso código moral como o correto, e qualquer outra possibilidade de código com errado.

Esta posição, a de ter somente a seu código como o correto, se torna cômoda e de fácil defenso quando esse código moral tem como suporte, alicerce sua origem sobrenatural.

Porem, quando vários códigos divergentes, alegando igualmente sua importância com sua origem sobrenatural, como aceitar qualquer uma delas? Usar o critério, por exemplo, de alguma ter um certo argumento a seu favor que falte às outras?

Importante se faz que cada individuo obedeça ao código moral de sua comunidade, qualquer que seja o individuo ou comunidade, mas o não obediência pode ser vista como um sinalizador, um ponto que pode vir a ser uma mudança dentro do próprio código. (ex: Cristo se opunha às formas estritas do tabu do sábado, outras desobediências contribuíram para mudanças ainda hoje consideradas para um viver melhor)

Tendo nosso código como perfeito, criticar ou infringir o código moral de nossa comunidade pode ser visto como louvável?

O certo e o errado deixam de estar no mesmo nível na avaliação geral, o errado se torna mais primitivo, mas continua sendo o mais enfatizado, foco central de todo o cumprimento, ou não cumprimento de determinado código. Preocupa-se em demasia com o evitar o "erro", o "pecado", e com a punição, pela purificação do "erro"e do "pecado".

Dentro dessa ótica, para uma pessoa ser vista como "boa", basta abster-se do erro, do pecado, nada mais do que não contrariar o código moral. Tal medo de cair no "erro", no "pecado", pode vir a contribuir paro a inibição do sentimento de espontaneidade e estreitamento da visão do indivíduo, criando uma humildade acanhada, inquieta, temerosa.

Interessante lembrar que:
"Se por toda a nossa vida, nos abstermos de matar, roubar, adulterar, perjurar, blasfemar e desrespeitar, estaremos em condições de merecer a admiração moral, mesmo que não tenhamos jamais praticado qualquer ação generosa ou útil ? "


Por Joaquim Santos
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