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© 2005 Isabel Vidal
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07/09/2006

ATITUDES DE PREVENÇÃO - XI

Riscos Calçados

Por Sérgio Castiglione


O processo de urbanização das nossas vidas trouxe, junto com o progresso tecnológico, uma gama de modificações sociais e culturais de tamanha grandeza e complexidade, que torna o simples fato de pensar a respeito um ato mais desgastante do que uma boa caminhada.

As atitudes de prevenção aos acidentes na infância são importantíssimas e, além da boa e profícua troca entre profissionais e responsáveis durante uma consulta, há muitos cursos e sites específicos que fazem parte valiosa do conjunto de informações a que os pais devem ter acesso. No entanto, a avaliação dos riscos a que nossas crianças estão expostas não pode ser calçada numa visão acadêmica e estreita.

Calçadas. Elas, de novo. Simplesmente porque elas são, em literal resumo, o exíguo espaço que sobrou para a convivência, para a troca, entre os seres humanos tão ávidos de contato e de afeto. As praças são poucas e desumanizadas. Os parques, mal cuidados e perigosos. Os Clubes, ora, são Clubes. As ruas, aos carros pertencem. As casas, gradeadas, são prisões confortáveis onde "protegidos" recebemos nossos poucos amigos reais, nossos inúmeros amigos virtuais e o "delivery" nosso de cada dia. É interessante observar que quando um detento consegue colocar em sua cela, não avaliando por que meios, o conforto de uma TV, um telefone e uma geladeira, passamos a qualificar tal fato como inadmissível pelo fato de que "parece até que ele está em casa", pouco importando sua privação de liberdade, pois dela também não dispomos.

Pois é. A quase totalidade do que hoje nos diferencia dos detentos se configura na possibilidade de andar em paz pelas calçadas. Será?

Ainda ontem, andando por uma das mais aprazíveis ruas do bairro das Laranjeiras, a Rua General Glicério, minha mulher se referiu à grande quantidade de pessoas com cães passeando pelas mesmas. Cães amigos, não cães de guarda. São os cães nossos melhores amigos, para alguns de nós possivelmente os únicos. E ela reparou que são os cães, assim como os carrinhos com bebês, que colocam as pessoas para conversar.

Tudo isto merece reflexão, como vitrines dos nossos caminhos.


Quando crianças, bebês, somos oferecidos à contemplação pública, como estandarte de uma nova vida, de novas e ilimitadas possibilidades. Somos logo estimulados a fazer gracinhas, a distribuir beijinhos, dar "té logo", abraçar "a tia", falar com o "vovô", seduzir o mundo. Ainda não nos ensinaram a ter medo. Nossa proteção contra os riscos de uma contaminação por alguém doente, contra um destes acidentes comuns na infância, ou de sermos pegos por um homem mau (lembram do homem do saco?), é calçada no olhar vigilante dos pais e benevolente do mundo.
Quando começamos a andar, mostrando aqui e ali o orgulhoso indicador levantado, ainda não sabemos do medo, do desconhecido, e muito menos do indicador apontado, e cheios de saudável curiosidade nos lançamos ao mundo, distribuindo abraços, beijos, carinho, alguns tapinhas e algumas mordidas. E apanhamos também. Mas todos são amigos e não guardaremos rancores.
Se perguntados, responderemos que temos sim, muitos amiguinhos, recitando todos os nomes de cor, e que temos muitos namorados, ou namoradas, também. E os adultos irão rir e se maravilhar com nossa ausência de retração, com a amplitude do nosso abraço, com a exigüidade das nossas distâncias, com nosso "sei lá o que é preconceito". Calçados no reviver dos nossos pais, nossos riscos serão reduzidos pela proteção das consultas, das vacinas, dos conselhos, da educação.
Mas, de repente ...alguém simplesmente acrescenta uma temerosa advertência ao perigoso ato de ignorar um "não". Apresentados ao medo, ...aos preconceitos, ...às mentiras, ...às repressões, pela primeira e por sucessivas vezes, descobrimos o "risco" da convivência com nosso semelhante, e... iniciamos um processo gradativo de seleção e de autoproteção, ...aumentamos nossas distâncias de segurança, ...reduzimos nossas manifestações de afeto, ...recolhemos nossos abraços, economizamos nossos sorrisos, fechamos nossas grades, pedimos uma pizza, alugamos um DVD, e compramos um cachorro que nos levará para passear e satisfazer nossas necessidades uma vez por dia. Se não chover.
As reticências, capítulo à parte, representam a maravilhosa fase da adolescência e juventude, onde se concentram e se organizam, ou desorganizam, todos os conflitos e a verdadeira busca de soluções.

Bem, aqui estamos nós, passeados por nossos cachorros neste exíguo espaço urbano que nos resta. E então, imagino que há de ser por aqui que retomaremos o caminho da infância feliz.

Ensinando os cães "que nos passeiam" a deixar as calçadas limpas. Respirando fundo, olhando para o céu e desejando bom dia, principalmente a quem a gente ainda não conhece (no início pode ser só com o olhar), cuidando do chão, das árvores, dos canteiros que hoje em dia recebem mais lixo do que as centenas de lixeiras públicas disponíveis, dizendo não às calçadas estreitas, às caçambas de lixo, aos automóveis e a qualquer outro obstáculo que obstrua a passagem, inclusive os eleitorais. Exigindo dos órgãos públicos uma ação eficiente em relação aos moradores de rua, não apenas com a sua retirada, mas com o compromisso de resgate de sua dignidade.

Assim, reduzidos os riscos e embelezado o caminho, chegaremos às praças, aos parques, aos jardins, onde sentaremos com novos parceiros. Quem sabe, em pouco tempo nossas grades sejam apenas parte de uma história abandonada em algum ferro-velho, e nossas portas se abram para a chegada dos outros amigos.

Calçados no resgate do tempo sem medo, poderemos de novo abrir os braços, gastar os sorrisos, encurtar as distâncias e ter mais do que um cachorro para conversar.

Sim, quase me esqueço. Num futuro que não me pertencerá, as ruas estarão de novo desocupadas, pois a tecnologia nos fornecerá veículos que se deslocarão sem tocar o solo. Mas isso é para muito depois, e meu tempo é agora, com os pés no chão.

Preciso parar de escrever. À minha frente há uma longa caminhada.

E estou me calçando.



Sérgio Mourão Castiglione
Médico Pediatra
[email protected]
www.sergiocastiglione.med.br


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te avisei que a cidade era um vão,..."

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