CONTEMPORÂNEO VI
NO PAÍS "INSULFILM", FOME DE QUÊ?
O motivo,
a crônica,
a crítica,
o tema
Escrever pressupõe buscar um ponto de partida, um tema central, uma tentativa de encadear idéias, sobre assuntos que toquem a sensibilidade da maioria das pessoas.
É transpor para o papel as muitas coisas que se ouve, que se vive, sem ditar regras e, se possível, gerando a discussão.
Alguns dias atrás, num sábado deste, início de mais um ano, conversávamos à noite na casa de um amigo, Jorge Tadeu, e ele me disse que sua mãe gastava algo em torno de 80% dos seus ganhos com a compra de remédios.
Não sei se a média de gastos neste item, no grupo de pessoas da 3ª idade, chega a esse montante mas, se não é, está perto.
O assunto se estendeu ao Lula e ao seu binômio antagônico IBGE/Institutos de Pesquisa, e à educação de uma forma geral.
Éramos quatro pessoas.
Porém havia ali um médico, um estatístico, um pesquisador, uma advogada, uma psicopedagoga e três professores.
Quatro brasileiros, dois pais e duas mães.
Não foi difícil para, em poucos minutos, se traçar a realidade ainda pouco transparente do nosso
País Insulfilm.
Num Brasil que necessita de educação e saúde básicas acima de tudo, o povo gasta a maior parte de seus recursos comprando remédios e dinheiro (créditos e financiamentos).
E quando se despende até 80% da renda com isso, sobra muito pouco para lazer, cultura e saúde de qualidade.
O lazer é restrito e nossa cultura vem da TV; "e tome remédio".
Mas não se passa fome onde se tem TV; fome mesmo só existe onde não se tem acesso ao alimento (produzido,comprado, ganho, roubado), o que praticamente só acontece em algumas áreas do sertão brasileiro onde se anda dezenas e dezenas de quilômetros para obter água e alimentos.
No litoral, na Amazônia e no Pantanal a natureza oferece os alimentos; nas regiões mais desenvolvidas se compram (ou de outra forma se obtém) os alimentos que vem das áreas de produção agropecuária e industrial.
Restam na verdade não mais que 5 milhões de pessoas com fome,... e sem TV.
E quantos serão os analfabetos e excluídos culturais e funcionais?
Esgotado o veio da FOME, surge o do AFETO.
Este sim, acredito, em termos de Brasil, é mais honesto e verdadeiro.
Dia seguinte, Domingo
(09/01/05), chega minha revista de O GLOBO e, ... surpresa!!
O tema da capa é
"O Perigo dos Remédios" .
Li, a princípio interessado e, por fim inquietado.
Usou-se um nobre espaço, em termos de número de leitores atingidos, mas não acredito que tenha sensibilizado muita gente.
A linguagem de
País Insulfilm, técnica e pouco esclarecedora, certamente não terá atraído mais de 1% dos que tiveram acesso a revista.
Para não ficar apenas na crítica, decidi tentar expor de forma mais simples e didática, meu raciocínio sobre os remédios, sobre todas as ditas
"DROGAS LÍCITAS".
Embora esta mistura de crônica e informação técnica seja difícil de elaborar e cansativa para ler, tentarei conseguir aquilo que me propus no início do texto.
Envio aos amigos, com afeto, a árdua missão de resolver o que fazer com isto. Talvez achem que mais pessoas o devessem ver; talvez não.
Minha Fome, foi de escrever.