07/03/2008 -
COTIDIANO VII
Porque cresceste, Curuminha?
Em texto recente, em vã tentativa de frear o tempo, escrevi sobre os quinze anos da minha filha. E ele passa tão rápido que, em breve, o poema se materializará em independências e livre arbítrio.
À mulher que aos poucos substituirá a Curuminha, comemoração eterna da vida, um outro poema, por ela, para suas elas, para todas elas
REGENTES DE CURUMINHAS
Chorou e riu.
Muito, silenciosamente.
Os sentidos a flor da pele,
Como se tivesse ela escrito a letra,
Como se apenas ela pudesse entender;
Mas não foi só ela.
Não foi só dela que saíram
Assim, estabanadas,
E depressa cresceram.
Não foi só ela que sofreu
De angústia, de sono perdido,
De espera e de medo,
De alívio e certeza.
Que em dias de gosto se enchera de orgulho,
De brilho nos olhos.
Que em noites de choro, os olhos turvados,
Quisera devolvê-la à escuridão,
Do ventre,
Da recíproca proteção.
Olhou em volta,
Outras lágrimas e outros risos.
Aplausos.
A elas, a todas as Elas,
Senhoras da vida,
Guardiãs dos tesouros.
Regentes das Curuminhas
Pela minha,
Obrigado,
Boa Noite,
Um beijo.