14/03/2008 -
COTIDIANO VIII
O Tronco, a Cruz e o Pelourinho
A polêmica que envolve as pesquisas com células-tronco exige mais do que simples discussões e complexas pesquisas, e ainda não admite certezas inabaláveis.
Escrevo a serviço de todos os meus senhores (pois muitos, todos temos) que ao longo de tempos não quantificáveis vêm moldando minha (in)consciência e minha (in)coerência, e tenho a esperança de que os dons geneticistas que cada um de nós possui permita a decodificação do meu pensamento.
Tomar por base minha formação religiosa temente a Deus, me colocaria em confronto com minha formação científica temente à estagnação evolutiva.
Porém, me sinto socorrido pelas sábias palavras de um caro religioso a quem muito devo: _ “não se trata de uma guerra entre a religião e a ciência, pois a verdade é uma só e ela fatalmente emergirá”.
Retorno ao tempo em que auto-biografava meu site, e recupero a imagem do filme “Inimigo Meu”, descrição lírica da genética em tempos de guerra.
Ponho o Chico pra cantar “Brejo da Cruz”, e toco em frente.
Citei vários dos meus “senhores nossos” de todo dia, pensando (e que cada um de nós faça o mesmo) na propriedade e na caducidade de cada dogma da nossa curta história humana.
Na história da humanidade, no tronco, transformado em Cruz há dois milênios, sacrificou-se o rebelde que desafiava o poder agindo em nome do Pai, dos filhos e dos irmãos.
Como negar, mesmo não sendo cristão, todos os significados deste ato?
Na história de nosso País, cuja energia vital ainda carece da dissipação da forte e nebulosa carga colonialista, escravocrata e imperialista, é a visão do tronco transformado em Pelourinho que exemplifica a punição dos rebeldes, mesmo pelo carrasco apaixonado pela mucama.
Como negar, cientista ou religioso, todos os grilhões que ainda nos aprisionam?
Na minha história pessoal, os senhores que me conflitam se aliarão a outros senhores, e concederão prêmio e castigo à minha rebeldia, que faz coro à indagação mestra da contenda.
Como posso ter a certeza de quando começa a vida?
Não há porque estender demais o texto, pois tenho a tendência a torná-lo indecifrável.
“e a vida...
e a vida o que é?
Diga lá, meu irmão....