16/03/2006
Atentado à Saúde
Por Sérgio Castiglione
Chegamos ao maior dos absurdos em matéria de assaltos financeiros praticados pelo sistema bancário.
O Banco do Brasil está distribuindo nas agências um prospecto, e provavelmente outros bancos farão o mesmo, divulgando a seguinte pérola;
Se você tem poupança no Banco, isto é, se você empresta seu dinheiro ao Banco recebendo por isto 0,5% ao mês de juros, e desde que já tenha emprestado um total de R$20,00 a R$200,00 nos últimos 3 meses (o tal do saldo médio), "você tem direito" a pegar emprestado este seu mesmo dinheiro com o Banco, pagando apenas 2% de juros mensais.
Isto significa que você emprestará a você mesmo o seu dinheiro e pagará ao Banco 1,5% ao mês por isto, em 6 a 12 meses dependendo do quão incauto, necessitado, ou desavisado você é.
Se observarmos a matéria de O GLOBO da edição de 14/03/06 (capa e pg. 23), vamos perceber que esta vergonhosa e deturpada indução ao endividamento de classes sociais (C e D) que consomem apenas o básico é multiplamente cruel, pois retira do indivíduo as condições mínimas para educação, saúde e lazer a curto e médio prazo, sendo matéria prima para todo o caos social que estamos vivendo.
Até quando nós, os Brasileiros, seremos feitos de idiotas ou otários?
Até quando os Bancos permanecerão intocáveis?
Até quando o Ministério Público será tão omisso?
A saúde de todos nós sofre com este tipo de atentado financeiro. Ele atinge, por exaurimento de recursos a saúde física da classe alvo destes programas. À mim, atinge a saúde psicológica, via entendimento conjugado com impotência, o que tento amenizar ao escrever o que penso.
Em Medicina, nos é lícito e dever a recusa do exercício da profissão em ambientes inadequados, mal arejados e mal iluminados cabendo-nos antes de tudo uma postura ética.
Os bancários deveriam refletir sobre isto.
Bom era aquele tempo do colchão, sem IOF nem TAC.
Era do Cacique.