CONTEMPORÂNEO III
THE DAY AFTER - Terceira Parte - Propostas?
Quarta-Feira, 20/10/2004 (O Futuro, a Deus pertence?)
Sou morador do Rio de Janeiro, do
Cosme Velho, e na seção de cartas dos leitores, página 6, leio algumas coisas interessantes:
Desistindo do Cristo:
É totalmente verídica a abordagem sobre os flanelinhas e seus achaques.
O ambiente é turisticamente insalubre nos arredores da Estação do Corcovado. Estão reconstruindo uma praça, importante espaço de convivência e socialização. No entanto, é fato que muitos destes flanelinhas ali estão há anos, impregnados "daquele sistema de vida".
Também é fato que há varias gerações de flanelinhas (pelo menos quatro), no local.
E à noite, muitos moradores de rua também.
A retirada pura e simples do "ganha-pão" de quem descobriu uma fresta no horizonte sem horizonte não é bastante, sequer é lógica.
Há necessidade de um trabalho sério de reorganização social daquele local, abrangente em todo o espaço que vai desde o inicio da rua Cosme Velho até o viaduto do túnel Rebouças, incluindo principalmente o terminal de ônibus, e criando um corredor cultural com reflexos na geração de emprego e renda, pelo correto aproveitamento dos potenciais turísticos e comerciais do mesmo e beneficiando principalmente os que perderam ou perderão a fresta pela qual davam uma espiada num horizonte ao menos financeiramente melhor.
Fase terminal:
Lendo os cinco artigos que acompanham este título, abordando o Rio de Janeiro, me esforço para entender como há pessoas que, em meio à necessidade imperiosa de um desarmamento total, ainda propõe a presença de Forças Armadas e de atitudes repressivas (parabéns pela exposição de Marcelo Sampaio Dias Maciel).
Triste também é observar como é fácil e hipócrita, ou no mínimo .ingênua, a simples associação do jovem e do adolescente à droga, pois se estes financiam o trafico,
quem financia tantos outros delitos e problemas decorrentes do uso das drogas ditas lícitas?
São os drogados lícitos dos analgésicos, antidepressivos, descongestionantes nasais, antiinflamatórios, e de outros tantos que são usados de forma inadequada e propagados de forma rentável e absurda que, juntamente com os usuários do álcool e do tabaco, serviram ou servem de mau exemplo para os que de outra forma buscam soluções para suas angústias e ansiedades.
Aqueles não são menos danosos ou danificados que estes; apenas pagam pesados impostos e consomem produtos de maior valor agregado, imaginando que isto os absolve ou atenua a consciência.
Faltou incluir a
Fazenda da Grama no meu Day After (acho que sempre pensei nela como meu "Everyday'}.
Na verdade, este quase esquecimento não se deve apenas ao aparente anacronismo em inglês, mas também porque o assunto que me remete a este lugar da minha eterna infância não se encontra exatamente neste jornal e só vai ser abordado dentro de alguns dias.
Uma reunião em que utilizaremos nossa influência e o "poder de nossa classe sociocultural" , "pagante de impostos (pois algum dinheiro temos)", para decidir alguns movimentos relativos a uma comunidade pós-escravagista, abissalmente distante deste poder, justamente ávida por todo tipo de progresso, porém eleitoreiramente conduzida a um asfaltamento de suas estradas com projeto de irrisória qualidade técnica, sem sinalização ou sistema de drenagem , sem recuo ou segurança para os pedestres (certamente não mais de 5% dos habitantes se deslocam com carro).
Enfim, sem(?) propósito.
Esta comunidade não dispõe de áreas de lazer comunitário adequadamente administradas, de praças de convivência, iluminação eficaz ou tratamento de esgoto (mais de 50% dos dejetos lançados sem tratamento nos córregos da região que, aliás, se juntam ao sistema que abastece o Rio de Janeiro).
Afinal, depois de meia semana nesta aventura de escrever,
ONDE ESTÁ A VIOLÊNCIA ?
ONDE ESTÃO AS SOLUÇÕES ?
VAMOS FICAR SÓ ASSISTINDO ?
VAMOS BRIGAR PELO QUÊ ?