Quando o jogador Adriano marcou o gol, eu tinha a certeza de que ele, encerrando sua maré de azar, não mostraria ao povo e à "nação" algo tão banalizado como DEUS É FIEL.
Se ao Adriano andava faltando sorte, isto não seria resolvido jogando com um galho de Arruda atrás da orelha.
Se bem que Arruda cairia bem do outro lado da camisa.
DEUS, entretanto, estava presente, não apenas por ser brasileiro e rubro-negro.
Na verdade ELE lá estava desde quando Adriano escreveu, aparentemente à mão e com emoção, uma frase que se prestaria tanto à pontaria do adversário DODÔ, quanto ao arrependimento e beijo do Willians que estonteou aqueles que negam aos jogadores sua condição humana.
Mas a frase foi escrita justa, e justamente, para afirmar e defender esta prerrogativa de todos os homens.
A de errar.
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Todos erramos. O que nos diferencia é a origem e os objetivos do erro.
Como negar a origem? Como renegar nossas raízes?
Quando parte da mídia, ávida de vendas e de IBOPE, cai "de pau" em alguém ou alguma coisa, o que ela quer é vender.
Se a notícia atinge quase 50% da população, como é o caso quando se refere à Nação Rubro Negra, o lucro é certo.
Vamos parar com a hipocrisia (como bem falou hoje o repórter Bruno Rodrigues da JB FM se referindo ao """caso Wagner Love""") pois afinal "se as câmeras estivessem mais ajustadas e abertas, poderíamos ver que personagens que costumam frequentar nossos horários nobres também poderiam estar naquela festa".
A que aconteceu lá pelos sertões da Rocinha.
E arrematou: "só que os jogadores fazem anti-doping a toda hora".
Já nossos outros ?heróis?..................
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Adriano deu explicações, que não precisava dar, sobre sua vida pessoal, suas andanças pelos sertões da Chatuba, e suas desavenças com a noiva - comparem com a cobertura dada à casos semelhantes e recentes com outros atores da vida.
Wagner Love vai prestar depoimento para explicar porque nasceu e cresceu onde nasceu e cresceu. Aliás, parabéns pelas respostas que deu.
O chefe do tráfico, quando encontrado, vai ter que explicar (ou é melhor não?) como consegue contatos a nível de tráfico internacional de armas, tendo o passado de infancia e adolescencia que teve.
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Não, eu não faço apologia ao tráfico e às drogas, até porque atuo em minha profissão combatendo exatamente o excesso de medicamentos lícitos prescritos por meus pares.
Não, eu não acho que maus exemplos sejam adequados à formação de minha filha de 17 anos.
Sim, eu votei e batalhei a favor do desarmamento.
Sim, eu sou rubro-negro,
muito negro neste caso,
muito rubro pelo ódio à hipocrisia.
Sim, eu sou humano, mas não há como se ter preconceito quanto a isso.
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Tempos atrás declinei uma dúvida e um desafio: Se considerássemos as páginas policiais e as de economia de um jornal, onde encontraríamos o maior montante de danos aos bolsos do povo? Quem mata mais, quem atira ou quem tira?
E aqui estava eu, escrevendo o que me vinha à cabeça sobre Adriano; Wagner Love; Política de Cotas; Arrudas imperdoáveis; Conferência Nacional de Cultura; Campanha da Fraternidade contra o Consumo;, Políticas Globais, Recordais e tantas mais, quando entra no quarto minha filha que, por força de necessidade (prova amanhã), trocou o Dourado e o DiCesar por uma apostila de literatura e Os Sertões.
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"Pai, ouve para ver se eu entendi direitinho"
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apostila de Literatura Brasileira da terceira série
Colégio São Vicente de Paulo - 2010
Rogério Forti
Em meados do Século XIX, como decorrência de teses científicas dominantes na Europa, entram no Brasil idéias que visam explicar a condição de marginalidade do país, frente à nações já industrializadas.
Entende-se por marginalidade a situação de atraso civilizatório, dimensionado pelos conhecimentos científicos e tecnológicos dentro da sociedade.
Segundo estas idéias, a questão da miscigenação racial, que marca a formação do povo brasileiro, era responsável por esta condição de atraso. Buscava-se, assim, perceber os fatores naturais (biológicos, geográficos) como determinantes da situação social vigente.
Alguns intelectuais brasileiros absorvem estas idéias e chegam a sugerir uma espécie de "apartheid" (segregação ou discriminação) como acontece na faculdade de Medicina em SP, que aconselha o extermínio de índios, caso o Brasil quisesse acompanhar o progresso das nações desenvolvidas.
Em 1902, a publicação d'Os Sertões por Euclides da Cunha marca uma crise nesta visão de brasilidade. Embora o autor tivesse uma formação naturalista, abordando o episódio da Revolta de Canudos sob aspectos evolucionistas, declara também ter sido aquela chacina resultado de profundas desigualdades sociais, um "crime" da nacionalidade, consequência também de uma "civilização de empréstimo" que buscávamos copiar.
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"Serei um vingador e terei desempenhado um grande papel na vida: o de advogado dos pobres sertanejos assassinados por uma sociedade pulha, cobarde e sanguinária"
(Euclides da Cunha)
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Sei que me alonguei e peço que me perdoem
Perdoar é Divino
Sergio Castiglione
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