20/03/09
POLÊMICAS I - SEGURANÇA
FALTA REJUNTE
O ano de 2009 desdobra e aprofunda a discussão sobre Violências e Seguranças nas cidades partidas ou "rachadas". É tema, não por acaso, da Campanha da Fraternidade.
Semelhante ao que ocorre com nosso crescimento individual, o coletivo de nossa espécie, evolui em paralelo.
Nascidos inexperientes, a primeira fase da vida é de aprendizado. Relegamos a segurança aos nossos destinos e nos impomos ao mundo pela alegria descomprometida, a passos largos, descalços, sem temores.
Adolescemos dominados pelos ideais da jovialidade, pois assim se reproduz e perpetua a espécie. Impõe-se a nós, a beleza.
Nos acreditamos adultos e, impetuosos, buscamos na riqueza e no "status" os ingredientes que julgamos necessários para tornar-nos os mais poderosos e capacitados a dominar ou conduzir os nossos iguais.
Quando atingimos a maturidade, descobrimos que queremos e precisamos apenas VIVER. Olhamos para os rastros de um caminho percorrido, quase sempre devastado, e só então entendemos as violências das quais participamos, por criação ou omissão, e o quanto temos que "correr atrás do rabo".
Como diz o poeta revisto: _"O tempo ruge, e a Sapucaí é Grande".
Mas a cautela, para cada próximo passo dado, tem que ser muito maior.
Otimizamos transportes e comunicação, mas aumentamos as distâncias entre idades, gêneros, e todos os tipos de "castas" e classes que criamos.
Em tempos já idos, para derrubar um homem, o buraco no barro da estrada precisava ser maior do que o tamanho da sua pegada.
Com a evolução, a espécie, assim como o indivíduo, reduziu seus alicerces, sua base de sustentação.
Hoje, era de pedras portuguesas e de "salto alto", são múltiplos e pequenos os buracos que derrubam nossa gente.
Então,
à gente,
o que falta é Rejunte.
Sérgio Castiglione
Médico Pediatra
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