21/04/2006
ATITUDES DE PREVENÇÃO - V
Por Sérgio Castiglione
Luzes, Câmeras.
Ação?
Está recomeçando o ridículo bombardeio de vídeos de péssima qualidade da propaganda eleitoral. Mas não desliguem a TV. Assistam com espírito crítico, para formar opinião, embora se deva admitir que para tirar alguma coisa boa disso seja, como se diz, "um parto".
O tempo. Em tudo ele aparece para relativizar a nossa vida. Sua percepção é fundamental para os momentos que vem a seguir e, se tudo correr bem, o parto ocorrerá em nove meses (38 a 42 semanas). Se contássemos, por exemplo, a partir do início deste mes de abril, algo de novo surgiria em janeiro do ano que vem.
Tudo deve ser feito para que o parto aconteça da maneira ideal e mais sensata possível; um parto normal. A outra forma, que só deve ser adotada em último caso, visando exclusivamente o bem estar da mãe e do filho, é a cesareana. Por certo é mais traumática, podendo trazer coseqüências indesejáveis à vida dos nossos filhos.
O organismo materno vem sendo preparado para viver esse momento e, ao longo de muitas gerações, em que pese o surgimento de modernas tecnologias e diferentes formas de abordagem da gravidez e do parto, nossa natureza não se modificou. Ela está sempre aguardando a "boa hora" por todos desejada, e sempre mais preparada para um processo que respeite os caminhos naturais.
A escolha dos profissionais (obstetra, pediatra e assistentes) e do local do parto (casa de saúde) deve levar em consideração empatia, conhecimento técnico, atenção do profissional, adequação da instituição, e possibilidade de troca de informações, para que as chances de bons resultados sejam as maiores possíveis. E, no caso de quem se acha em posição de não poder escolher, pelo fato de depender do serviço público ou por outro motivo qualquer, é bom lembrar que é direito de todos ser bem atendido pelos representantes das instituições públicas, e que o exercício dos direitos de cidadão é antes de mais nada um dever de todos.
Há uma grande expectativa no ar.
A mudança de meio ambiente deve ser tranqüila para aquele que vai chegar, facilitando-se a sua adaptação. A sala de parto deve ser, pela importância do acontecimento, um ambiente de calma e de respeito.
Não sou favorável à presença de pessoas além das necessariamente envolvidas; pais, profissionais, e aquele que vem.
Critico a filmagem do parto com a presença de estranhos ao processo na sala. E, mesmo e principalmente o pai, deveria reservar-se para as emoções ao vivo, sem ficar por trás de uma câmera como se dissesse; _"sorria, filho, você está sendo filmado".
Já existe tecnologia suficiente para filmagem de excelente qualidade, "real-time", monitorada à distância.
As emoções de pai e mãe devem se unir à do filho, pois pela primeira vez esta trindade assim se perceberá.
Índios, Negros, Brancos, Amarelos, Homens, Mulheres....
Somos todos filhos de uma Pátria secular que nos gerou e pariu com maior ou menor sofrimento. E já aprendemos muito. A cada filho que nasce temos a Pátria redescoberta.
O que queremos para nossos próximos filhos são, ao tempo certo, processos normais, partos bem conduzidos, profissionais confiáveis, instituições adequadas, ausência de influências externas indesejáveis neste ponto importante para a nossa existência.
Não queremos mais a inconfidência:
dos cinco minutos de fama,
dos vídeos eleitoreiros,
das emoções distorcidas.
"Quando eu nasci veio um anjo safado,
...mas vou até o fim."
(Até o Fim - Chico Buarque)