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21/08/09 - UM BAIRRO MELHOR

A VOLTA ÀS AULAS E A CULPA DO JUQUINHA

Desculpem, pois tinha dito que não falaria mais a respeito. Mas ontem, no consultório, uma paciente me disse que três amigos foram mandados de volta para casa porque espirraram. Para ela, alérgica, tive que dar atestado para autorizar a frequência.
Não tenho como calar. Neste nosso País existem muitas crianças que não têm um médico para bancar essa.

Então, nesta volta às aulas, solidário aos Juquinhas... ......... ......... .....

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O Juquinha estava feliz, triste, feliz, triste, feliz.

Confuso.

Embora todos pensassem o contrário, ele gostava muito da escola, dos professores, dos amiguinhos.
As aulas foram interrompidas antes do fim do semestre, porque disseram que as crianças podiam ficar doentes.
Ele imaginava que alguém afinal entendera aquela história de ele não querer se matar de tanto estudar.
Ele não entendia porque tudo que acontecia de ruim na escola diziam que a culpa era dele.

Fessora, o Juquinha isso..., fessora, o Juquinha aquilo.

E chegou a achar que aquela outra história de TDAH que a mãe, o médico e a professora cochichavam baixinho sobre ele, era contagiosa. E que as aulas não começariam de novo enquanto ele não ficasse bom.

Enfim, quando as estranhas férias acabaram e ele pode voltar para a sala, viu que todos os amiguinhos estavam lá. Só a professora não voltou. Ele ouviu que era por causa da gravidez e ficou preocupado, achando que o bebê nascera antes do tempo.
Só depois ficou tranquilo porque alguém garantiu que ela, seu bebê, e o próximo irmão daquele bebê, estavam bem e tomando um remédio importado com nome esquisito de três acentos, o ôzétamufú.

A professora nova começou as aulas perguntando a cada um sobre o que tinham feito, quais eram as novidades das férias.

A Mary, sempre a mais ligeira, disse que tinha ido com os pais para a Europa. A mãe tinha falado sobre um carnaval em Veneza, onde ninguém usava máscaras, e sobre umas festas na Inglaterra chamadas "O Bicho Vai Pegar".

O Wolf foi passear na Bahia, e contou que lá a moda era usar um arzinho nas pernas porque tinha muito mosquito e muito caso de Dengue. Ele achou esquisito, porque ninguém falara nada sobre isso, e aqui só se falava em outros bichos.

A Lara tinha ido ao Paraná, mas não conseguiu se divertir porque a toda hora alguém chegava com um papel mandando fechar o lugar onde ela estava.

O Asdrúbal, filho daquele Senador, não conseguiu fazer muita coisa, e as coisas que ele fazia, tinha que manter em segredo, não podia contar pra ninguém.

Quem se divertiu muito, fez tudo que queria, comprou metade dos Shoppings, andou em todos os brinquedos foi a Anastácia, filha de um grande industrial do ramo do álcool. Sempre acompanhada das amigas Dionísia, filha do dono da Rede de farmácias É Nós, de Silvestrina, sobrinha do dono da Rede de Saúde Argentus, da Porcina, filha do dono da industria têxtil Tanacara, e de Robertinho, parente afastado e próximo de um importante condutor de opinião pública.
Todos dizem que Asdrúbal fazia parte deste grupo, mas a família nega veementemente.

A Josefina contou, quase chorando, que não pode fazer nada, que ficou trancada em casa todos os dias e que estava com as mãos secas de tanto álcool gel que teve que passar.

A Giovanna, filha de um médico, disse que foi tudo igualzinho igualzinho às outras férias, que ela e algumas amigas e amigos fizeram o de sempre, ou seja, muito cinema e muita "soci". Só teve uns dois dias em que ela apareceu com uns carocinhos no pescoço e que o pai dela mandou ela dormir mais cedo e beber muita água, e logo ela ficou bem.

Quase toda a turma já havia falado.

Juquinha aguardava inquieto a sua vez quando, de repente, se ouve:

"AaaaaTCHIM"

Ato contínuo a professora, que estava distraída, corre os olhos pela sala em busca do vilão até que para e, com a fisionomia alternando entre o susto e o pavor, profere a já conhecida sentença:

"Juquinha!!! !!!. Já pra Coordenação"

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PS contínuo: Bom Dia, Conceição
                  Bom Fim de Semana a todos
                   Se gosta de música e poesia, ouça um soneto
                   Ocupe seu lugar na Praça do Bairro
                   Se for ao Bradesco da General Glicério, cuidado
com a fechadura
                   Só deixe seus filhos usarem transporte legalizado
                   Se espirrar, use lenço de papel
                   Se beber, não dirija
                   E se sobrar tempo, reaja e rehumanize-se.

Sérgio Castiglione
Médico Pediatra
[email protected]

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