24/03/2008 -
COTIDIANO X
Pós
A crônica é de pós-dengue, mas qualquer pó, varrido pra baixo do tapete, tá valendo.
Antes que perguntem, não escrevo por que estou com Dengue, embora já tenha tido.
Tampouco pretendo discorrer o tema, sob a luz profissional da Medicina.
E longe de mim engrossar fileiras alarmistas ou alvissareiras. Temos que lutar.
A verdade é que, como diz uma grande amiga, “já deu”.
Já deu, está virando pó, está passando.
A epidemia era anunciada, vendeu muito antes e durante, e infelizmente está deixando, desta vez, um número maior de vítimas, um sofrimento mais intenso.
Entendam, a doença não é eterna (não há mal que sempre dure), e se extingüirá por ter atingido todos os indivíduos susceptíveis que estiverem em seu caminho.
Depois, com a maioria da população portando seus anticorpos, ela declinará.
E onde pretendo chegar?
Lá atrás, no início de tudo, pois não dizem que do pó viemos.
O Aedes não se travestiu em Enola Gay por acaso, transformando-se de repente no poderoso e agressivo transportador do vírus mortal e assassino.
O vírus não despertou num belo dia dizendo:
“Há, há! Sou Little Boy. Vou liquidar com uns seres humanos”.
Nós fomos buscá-los, com nossa devastadora interferência no meio ambiente, e transformamos nossas casas em sua sala de visitas e jantar.
Se nos dermos por satisfeitos com a redução natural da “doença”,
O que virá depois, além dos frutos políticos e mercantilistas?
Novas epidemias,
Novas Pragas,
Novos e mais potentes assassinos.
Chegarão pela água que bebemos?
Nos invadirão pelo ar que respiramos?
Nos tomarão pelos alimentos que recebemos?
Nos asfixiarão com os laços da nossa inércia?
Nos encontrarão sentados,
Aguardando o momento do retorno,
Ao Pó?