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© 2005 Isabel Vidal
Todos os direitos reservados

/Sergio Castiglione


25/03/2011

O PERIGO CÍCLICO


Ontem fui contactado por uma repórter da emissora Record, que queria fazer uma reportagem sobre o aumento do DENGUE no bairro do Cosme Velho.

Sou diretor da Associação de Moradores do bairro, o que justifica tal contato.

O bairro do Cosme Velho, citado como um dos que mais apresentava crescimento dos índices da doença, hoje já não faz parte da lista, segundo nova metodologia de avaliação de epidemias utilizada.

Infelizmente, permanecem dúvidas e alarmismo decorrentes de um processo de comunicação mais mercantilista do que esclarecedor, e de um cíclico abismo (embora em ritmo decrescente) entre gestores e geridos na saúde pública do Brasil.

Reproduzo então algo que escrevi durante a epidemia de 2008, não para falar de DENGUE, mas para reforçar tantos outros aspectos sérios que continuam com abordagem inadequada por todos nós.

Em resumo, e hoje isto está bem claro, se repete perigosa e gravemente todos os atos de agressão ao meio ambiente.

E ele está mostrando o quanto

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07/04/2008 - COTIDIANO (CRUEL) XI

DENGUE - QUE EPIDEMIA É ESTA?

Agora, segundo notícias de ontem, atingimos a Zona Sul, o Nordeste, e o grande vilão é o Paracetamol.
O que significa isto?
O Dengue é uma Doença ? _É
Existe uma Epidemia ? _Existe

CONCEITO DE DOENÇA - Estado de desequilíbrio (no caso, do organismo humano) determinado por um processo de interação entre o organismo e seu meio ambiente externo.

CONCEITO DE EPIDEMIA - Ocorrência estatística de um evento (como a doença DENGUE) acima dos limites convencionados como aceitáveis, variando com tipo de doença, localização geográfica, estação do ano, etc.

DENGUE - Doença causada por vírus, transmitido pela picada do mosquito Aedes.

O MOSQUITO - O Aedes sempre existiu e estava quieto no seu canto (ambiente, habitat). Sua multiplicação e disseminação são efeitos (e muitos outros, piores, estão por vir) da interferência humana sobre o ambiente. Tecnicamente, quem pica é a fêmea, numa altura de até 80 cm. do solo, geralmente pela manhã ou fim de tarde, atraída pelo cheiro/temperatura do ser humano.

OS LOCAIS DE REPRODUÇÃO - As larvas se desenvolvem melhor em locais úmidos, quentes e com pouca luz, em locais onde existe água parada, limpa ou pouco suja, geralmente trazida pela chuva. Assim, em cidades como o Rio de Janeiro, além de todos os possíveis focos já exaustivamente divulgados, há que se aceitar a quase impossibilidade de impedir a progressão da multiplicação do mosquito, nas marquises, nas bandejas de ar condicionado, nos tetos dos abrigos de ônibus e das bancas de jornal, e em outras peças do mobiliário urbano, inclusive nas lixeiras existentes a cada 50 metros cujos orifícios de drenagem em sua parte inferior estão freqüentemente obstruídos.

A DOENÇA - Após ficar incubado, "ganhando força, por período médio de 5 a 7 dias, o vírus inicia a sua agressão ao organismo, determinando o aparecimento de sintomas que vão desde o indetectável (até 50% de casos assintomáticos) até um complexo e variável conjunto de sintomas, explicando-se em parte a dificuldade de diagnóstico em fases iniciais, quando a semelhança entre esta e as demais viroses torna impossível sua distinção. A doença evolui por 7 a 14 dias. Como toda doença viral, seu potencial de agressão é capaz de atingir todas as nossas células e órgãos, mesmo nos casos de menor sintomatologia. A Síndrome hemorrágica do Dengue pode aparecer em qualquer dos casos, independente de história de Dengue anterior e do tipo (I, II, III) do vírus que está agredindo, e se caracteriza por um conjunto de alterações que incluem a baixa de células de defesa (leucócitos), a concentração excessiva do sangue (aumento do hematócrito) e redução do número de plaquetas. Todos estes dados são identificados pelo Hemograma.

CASOS GRAVES E FATAIS - A ocorrência de quadros fatais está ligada basicamente a três tipos de evento:
-Primeiro e mais freqüente, o choque que é um evento determinado pela queda da pressão arterial, conseqüente ao extravasamento de líquido de dentro dos vasos sangüíneos (não necessariamente com a presença visível de hemorragias);
-Segundo, a potencialização de doenças previamente existentes e sob controle, como doenças renais, hepáticas, cardíacas, metabólicas;
-Terceiro, pelo efeito tóxico decorrente do excesso de química introduzida no organismo através de auto-medicação, levando à hepatite medicamentosa, já que os medicamentos usados são (e todos os medicamentos, em intensidades variáveis, são) tóxicos para o fígado.

COMO EVITAR A FATALIDADE - Para minimizar a possibilidade de casos fatais, é importante compreender que os três tipos de quadro acima podem ocorrer. Desta forma, uma abordagem eficaz deve levar em consideração a necessidade de:
-Hidratação adequada, dependendo da gravidade dos sintomas, algo em torno de 60 ml a 80 ml de água / Kg de peso / dia (num adulto, de 5,5 a 7,0 litros por dia - algo que não é fácil, em decorrência da presença de vômitos e inapetência), repouso absoluto, e paz interior(*).
-Conhecimento prévio de patologias que possam agravar a doença, o que requer o utópico (em termos reais) processo de acompanhamento e boa relação medico-paciente (exceção aos bem sucedidos projetos de médicos de família - vide Niterói e Cuba).
-O uso de medicamentos apenas em doses orientadas, controladas e adequadas a cada indivíduo, o que requer o banimento imediato de toda e qualquer propaganda que "ensine" ao leigo em 30 segundos a arte do diagnóstico, a da farmacologia e a do prognóstico.

(*) A auto-estima e a confiança na palavra, no toque e no conhecimento do profissional de saúde são cientificamente comprovadas como peças fundamentais em qualquer processo de "cura". As faces que aparecem na televisão não são apenas de dor ou sofrimento. São, em sua grande maioria, faces de pânico, sentimento de medo agravado pelo desconhecimento da atenção que ele (o doente) terá, e pela constante ameaça do "Óbito Estatístico", contradição de uma época em que a mídia do entretenimento e do capital nos diz diariamente que podemos deixar de ser apenas "mais um".

COMO EVITAR A DOENÇA - Apesar do fato de que cada um dos temas até aqui abordados tenha seu aspecto político a observar, o Dengue não é uma doença decorrente apenas do descaso político. Muito menos deveria ser considerado apenas pelo viés da Saúde Pública. E está longe de ser resolvido por discursos e importação de médicos.
A doença é ambiental. A doença do meio ambiente externo precede e supera em gravidade a do nosso meio ambiente interior. A responsabilidade é de todo ser humano, sem exceção, os que gerem e os que são geridos. O jogo de culpas que mantém as boas vendas e os bônus políticos (na política eleitoreira, ônus é não estar na mídia), é covardia exercida em sentido descendente pela hierarquia do poder. E seria criminoso (no mínimo por falso testemunho) negar estes fatos.

O "FIM" DA DOENÇA - Não serão as ações políticas, bem ou mal intencionadas, necessárias ou não, que interromperão a epidemia. Isto virá a seu tempo, com o aumento da população portadora de anticorpos (defesa) e com a queda dos índices estatísticos, pois num determinado dia, com apenas um caso a menos poderemos dizer que "não há mais epidemia".

CONCLUSÃO

E depois, que epidemia virá? É estatística, lembram?
Se é que se torna necessário pensar num depois, quando já temos tantas agressões ao planeta em andamento por todo o mundo.
Atente-se cuidadosamente para as inter-relações de todas elas.
Abordemos ostensivamente o significado das queimadas e do degelo.
Da impregnação do ar e da água por resíduos químicos, "do bem e do mal".
Do uso indiscriminado de medicamentos, cosméticos e alimentos industrializados.
Daquilo que nos atinge pelo que ouvimos ou vemos.
Daquilo que danifica nossa afetividade, nossa auto-estima.
Do crescimento imposto aos índices econômicos que medem aumento de consumo.
Da impossibilidade de repor os recursos naturais "do lugar onde todos vivemos".

Escrevi porque é o que tenho a fazer neste enorme espaço aberto.
Mas preferia estar calado, ouvindo uma única pessoa que tomasse para si as responsabilidades, calando e esclarecendo a todos, sobre tudo que se relaciona com a epidemia de Dengue.
Mesmo sendo profissional, me sinto atingido como qualquer leigo que recebe uma enxurrada de informações mágicas, "fantásticas", internéticas, vizinhas, nutricionais, tecnológicas, naturalistas, etc.

Leigo, dependente e explorado.

PARA TERMINAR, UMA HISTÓRIA QUE COSTUMA SER REAL

Dona Maria tem três filhos, e dois abortos. Mora numa região pobre, mal servida por infraestrutura básica. Seu segundo marido mal ganha par sustentar a 51 e as necessidades de todos. Eles se amam, como todos nós. Numa terça-feira, o filho do meio teve febre. Há quatro casos de Dengue na região. O Posto fica a oito quarteirões de distância. Uma vizinha esteve lá ontem e esperou quatro horas para ser atendida. Dona Maria tem que cuidar dos três, fazer almoço, botar o mais velho para a escola, e não tem um tostão em casa. Aquela vizinha emprestou o remédio de febre que ela pegou no Posto. A casa é pobre, tem TV mas não tem filtro. Nem esgoto. Na quarta-feira o menino acordou pior. Na verdade chorou a noite inteira, o que provocou queixas no marido, e este ela não pode perder. Sem dinheiro e preocupada com o que ela viu na TV, ela pega os três filhos e inicia uma saga heróica andando até o Posto. Espera cinco horas num ambiente de guerra, e com o único bebedouro quebrado, pelo atendimento que durará exatos quatro minutos. Vai ter que fazer exame de sangue.
Espera mais uma hora. As plaquetas baixaram, mas não muito ainda. Ao meio-dia, cansados, com a guerra entrando por todos os seus poros, assustados e mais desidratados, voltam andando. Para ......casa. O lugar do refúgio, do conforto, da recuperação, do almoço por fazer, que o marido vai chegar,e..., com a roupa para lavar, do marido que vai chegar, e...., Com um menino para hidratar, e.......
Quinta-feira, o menino acordou pior. Foi internado e está melhor. Graças a Deus. Agora é o pequenino que está com febre. Dona Maria tem um, dois calafrios.

Estou sendo fantasioso?
Cruel?
Quem?

Eu?

Sérgio Mourão Castiglione
Médico Pediatra
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