28/01/2008 - COTIDIANO I

O lobão de Assunção e a assunção de Lobão

Ó Lobão,

Lobinhos à parte, que diminutivos não merecem boa crônica, o que é feito do bom jornalismo deste País?

Se quarenta anos não bastam para um capítulo final, algum progresso deveríamos ter.

Tá certo, 1968 não acabou, mas alguma coisa tem que andar pra frente.

Nosso jornalismo, em grande parte poderosamente atrelado à verve do capitalismo mantenedor, e do conseqüente entretenimento dissimulatório de baixíssima qualidade educacional, cede espaço e até mesmo faz grande lobby, aportuguesado lobão, para tapar o sol com a peneira, assumindo a defesa do paradoxo. Assunção que não assume.

Num contexto como este, País de boiada conduzida pela mídia, de falsos líderes e de falsos ídolos, onde a vaca vai,...., ou seja, lobinho segue lobão.

Tende piedade de nós.

Cordeiros somos, quando acreditamos que movimentos de caráter rentável à mídia, sejam realmente os expoentes de uma justa revolta. Contra o IPTU se vendem manchetes e muito papel, e como disse esta semana o Nireu Cavalcanti, na escassez de seriedade dos movimentos associativos, o que é bom mesmo, nada. E quando César cair?

Cordeiros somos, quando mais uma vez somos novelescamente conduzidos a acreditar no racismo racial, num País onde o que realmente existe é o exercício constante do racismo econômico, sobre o qual não nos é permitido refletir. Para os que gostam das frases da semana, uma que evidencia a ausência deste racismo da cor, de uma cineasta, ouvida pela minha mulher: "Eu não consigo ver o negro". A cineasta é baiana.

E nossa igualdade racial, a crédito e a débito, "caiu na boca (e na bolsa) de Matilde".

Cordeiros somos, quando assistimos diariamente nossa saúde ser jogada de um lado para outro, à mercê de questões muito mal conduzidas, desde aquilo que ingerimos ou respiramos até aquilo que nos convencem a ingerir ou respirar, do voluntário ao involuntário, tudo inconsciente ou subliminar.

Cordeiros somos, quando passados quarenta anos, não permitimos aos nossos filhos, nossos filhos brasileiros, a rearticulação moral, ética e política, que nos livraria desta devastadora sociedade composta de lobinhos e cordeirinhos.

Cordeiros somos, quando ao assistir à punição pública, frente a milhões de espectadores, da famigerada prática do "zerinho ou um", acreditamos estar afinal diante de uma instituição séria, que jamais permitirá que sejamos ludibriados. Noves fora, o tal do lobão.

Mas aqui não tem guerra nem terremoto.

E, se por isto agradecemos, como cordeiros,

Oremos.

Livrai-nos do mal da escuridão.

Dai-nos a paz e a luz.

COLUNA
Sérgio Castiglione
Médico Pediatra
------------------
2011
------------------
2009/2010
------------------
2008
------------------
2007
------------------
2006
------------------

LARANJEIRAS E REGIÃO Divulgamos o bairro pro bairro, a região pra região Promovemos o comércio e a cultura local Fomentamos o amor ao bairro e o bem viver em comunidade Segue a gente : ) © 2005 - 2022 Isabel Vidal Todos os direitos reservados

Endereços no bairro