AMA Cosme Velho, 26/09/08
VCC - UM TELEFÉRICO PARA “O BAIRRO”
Atenção, Srs. Candidatos.
Há uma grande fonte de votos à disposição daquele que mostrar intenção e capacidade para implantar alternativas ao tráfego terrestre de pessoas e veículos pelas ruas e calçadas do “Bairro Unificado de Laranjeiras e Cosme Velho” (antecipando as queixas dos tradicionalistas, unificado apenas por este aspecto singular), quer nos dias de trabalho em nossos deslocamentos ao Centro, quer nos momentos de lazer em que percorrer pontos culturais e turísticos dos bairros torna-se a cada dia um programa de primeira linha
Cabe-nos recorrer aos próximos candidatos, nossos futuros governantes, tendo em vista a situação (quase) sem saída em que nos encontramos, enquanto calçados em duas ou quatro lonas.
O Cristo nos olha e abençoa.
Mas nem Ele, que tantos trás até nós, tem conseguido exercer o loby necessário para reordenação de nossas calçadas estreitas e esburacadas, permeadas por postes, mobiliário municipal de propaganda, fradinhos, carros, bicicletas, mesinhas e caçambas de lixo, e mal protegidas por meio-fios baixos e jardineiras imundas.
Muito menos para a reeducação e segurança de um transito de automóveis por ruas de curvas “mal intencionadas”, de faixas duplas não respeitadas e de acidentes previsíveis, de retenções desrespeitosas que retardam nosso tempo de deslocamento e consomem nossa saúde psicológica e respiratória e nos matam mais cedo (vejam edição de maio de 2008 da revista da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro).
A proposta de um Teleférico, que a princípio possa parecer brincadeira de cronista domingueiro, deve ser avaliada, em todos os sentidos, como uma continuação das “viagens” tão comuns nestas épocas eleitoreiras, no que tange ao aspecto da ligação Barra – Zona Sul – Centro.
Serviria como estudo e balão de ensaio para soluções a implantar em outras regiões com problemas semelhantes.
Alternativas ao Teleférico poderiam ser: Asa Delta, Para-pente, Balão de Sobrevôo. Helicóptero de vinte assentos, e outros, incluindo as vassouras dos Bruxos e todo e qualquer tipo de OVNI.
A solução poderia vir também, através da VCC (Vergonha na Cara Coletiva), desde que não se acompanhe apenas das promessas que o vento leva e de falsos rubores e indignações por parte dos que nos governam ou
dos que ignoram que somos os “tais dos próximos”.
Sou cidadão, médico, dirigente de Associação de Moradores, e participante ativo em movimentos Sociais e Culturais do Bairro.
Não escrevo isento das responsabilidades destas qualificações.
Seriedade e ironia fazem parte de uma forma de escrever Crônicas-denúncias.
Infelizmente, costumeiramente invertidas para denúncias crônicas.
Escrevo sobre assunto repetido, mas desta feita me sinto alçado por matéria da edição de O GLOBO de hoje, 21/09/08, da página 28 (“Calçadas da Zona Sul e do Centro não passam em teste” e “Orelhões e fradinhos são os vilões”), que não pode passar em vão.
Soluções verdadeiramente progressistas contemplariam também as indagações de ilustríssimos moradores, que gastam 2/3 do tempo do percurso Cosme Velho ao Centro apenas para ultrapassar o cruzamento das ruas Mário Portela e Laranjeiras, onde ocorre o grande desrespeito às nossas condições de “próximos”.
Indagações como a de Cícero Sandroni, presidente da Academia Brasileira de Letras, autor de uma das Frases da Semana, publicada na Página 2 da citada edição de O GLOBO:
“Machado de Assis vinha em 20 minutos,
do Cosme Velho ao Centro, em bonde com burros.
Eu levo 30 minutos, de carro.
Que progresso é esse?”
Alongado no tempo e no texto, talvez repetitivo, me interrompo, pois preciso descer.
Sem Teleférico, engarrafado, e com calçadas obstruídas.
O Dia Mundial Sem Carro é só amanhã.
Mas quem sabe num dia de sorte,
Enquanto eleitor,
Posso ser um eleito.
Vai passar um bonde.
Com burros?
Sergio Castiglione
Vice-Presidente da AMA Cosme Velho
Membro da Rede Social do Cosme Velho