ENTREVISTA: Cida Diogo
Candidata a Deputada Federal
Folha da Laranjeira: A senhora nasceu em Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, onde construiu toda a sua vida política. Após dois mandatos como deputada estadual, o que levou a concorrer a uma vaga na Câmara Federal?
Cida Diogo: Por entender que dois mandatos eletivos são suficientes para exercer uma função política e pela necessidade de dar uma contribuição para o segundo mandato do presidente LULA, buscando sempre lutar para resgatar uma maior respeitabilidade do Estado do Rio junto à Brasília, na busca de mais investimentos para o estado.
FL: O que pretende fazer como Deputada Federal?
CD: Quero interferir nos grandes debates nacionais como a reforma política, a redução dos juros e uma série de outros temas fundamentais, e ser uma representante do nosso Estado na busca de mais investimentos para a saúde, educação, geração de empregos, etc, e apresentar projetos de lei que possam fazer avançar a cidadania em nosso país.
FL: Por ter formação em medicina, uma de suas bandeiras sempre foi a saúde. Como a senhora avalia a saúde no Estado do Rio de Janeiro?
CD: Caótica, e tenho certeza que não por falta de recursos, e sim por má aplicação dos recursos e por picuinhas políticas. O Estado do Rio de Janeiro, é o Estado com a maior rede de saúde pública, incluindo a rede federal, estadual e municipal. O que falta é o entendimento entre os gestores, um pacto político pela saúde pública. E como deputada federal, estarei vigilante aos recursos que são enviados para nosso estado, além de promover novamente, agora com muito mais força um encontro com todos os gestores para a construção de uma pacto que venha beneficiar toda a população , fazendo com que os gestores ergam a bandeira da saúde, acima de suas bandeiras partidárias.
FL: A senhora tem uma história ligada à luta pela mulher. Quais foram seus principais feitos nessa área?
CD: Nesses quase oito anos como deputada estadual, tive a oportunidade de estar sempre em parceria com os movimentos organizados de mulheres, onde produzimos uma série de atividades, encontros e audiências públicas com temas extremamente importantes e de interesse do movimento de mulheres, além da elaboração de projetos e de leis aprovadas como : A lei que obriga as unidades de saúde a fazerem a notificação às autoridades policiais de violência contra a mulher; a lei que garante a distribuição gratuita de preservativo feminino; lei que garante internação em UTI crianças em situação de risco; a resolução que criou o Prêmio Leila Diniz pré-natal, parto seguro e saudável; entre outros.
FL: Como a senhora analisa a situação da mulher nos dias de hoje? Dá para dizer que as mulheres alcançaram todos os seus objetivos?
CD: Hoje a mulher esta presente em todos os setores ativos da sociedade, já demonstramos nossa capacidade. Mas ainda há muita discriminação, cerca de 40% das mulheres que trabalham ainda ganham salário menor que o homem, é a mulher que ainda acumula a dupla e a tripla jornada de trabalho, a violência contra a mulher ainda é muito grave. Portanto, há muita luta pela frente, na busca de um mundo onde homens e mulheres possam ser livres e iguais.
FL: Recentemente a senhora lançou a Frente Parlamentar em HIV/Aids. Como tem sido esse trabalho?
CD: Uma luta muito difícil, pois assim como todas as minorias essa também é uma parcela da sociedade que é discriminada, e tem que lutar a cada dia para conquistas direitos, e fazer valer direitos já adquiridos. O Brasil tem hoje um dos maiores e melhores programa de combate, prevenção e tratamento em HIV/Aids, mas os estados e os municípios não dão a sua cota de participação como deveria, dificilmente vc encontra no orçamento do estado ou de algum município verba própria, sempre ficam na dependência do governo federal. Para se ter uma idéia em 2001 apresentei um projeto de lei que destinava parte da arrecadação da Loterj para o combate e prevenção de HIV/Aids, na busca de novos recursos. O trabalho da frente parlamentar é muito nesse sentido, de sensibilizar os parlamentares do estado, deputados e vereadores a trabalharem com inclusão no orçamento estadual e dos municípios de verba própria e fiscalizar a execução de programas de combate ao HIV/Aids.
FL: Seu mandato tem como prioridade a defesa da saúde pública, da educação pública e do desenvolvimento econômico com geração de emprego, trabalho e renda. Quais avanços a senhora viu nessas áreas no Rio de Janeiro e o que ainda pode ser feito?
CD: O Estado do Rio deixou de receber muitos investimentos e recursos por brigas políticas, na saúde não vejo nenhum avanço, muito pelo contrário a política de saúde do governo dos Garotinhos só fez regredir a saúde pública de nosso estado, e a educação no mesmo sentido, contratação de profissionais sem concurso, mesmo havendo profissionais concursados para serem admitidos, mas preferiram optar por terceirizar os serviços tanto de saúde quanto de educação. Lembrando que o SUS é um sistema descentralizado e cabe aos prefeitos gerir a saúde de seus municípios, mas cabe ao estado promover a fiscalização e a implementação dos programas de saúde , da mesma forma e a educação, o Estado é responsável pelo ensino de 2º grau e os municípios pelo ensino do 1º grau. Agora os investimentos do governo federal foram feitos, com a implantação do SAMU (que é administrado pelo estado), criação de dois pólos universitário Federal, vagas no Pró-Uni, e na geração de emprego e renda, temos um exemplo concreto que irá gerar mais de 200 mil empregos nos próximos 4 anos, que é a instalação de um pólo petroquímico em Itaboraí e São Gonçalo, assim como a recuperação da industria naval.