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Gilson Nazareth
Mestre em Educação IESAE - FGV
Doutor em Comunicação e Cultura ECO - UFRJ


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Escola Estadual ANNE FRANK

Prof. Milton de Mendonça Teixeira

O terreno onde hoje se situa a Escola Estadual Anne Frank pertenceu até 1889 aos jardins do Palácio Isabel. Após a incorporação do dito Palácio ao patrimônio da União, já na República, o velho prédio em estilo neoclássico passou por uma extensa reforma em 1907/8, para poder ali hospedar o Rei D. Carlos, de Portugal, o qual não veio por ter sido assassinado por anarquistas.

A reforma do Palácio, mais uma reconstrução, foi realizada pelo arquiteto e Coronel Francisco Marcelino de Souza Aguiar. Como o estilo neoclássico havia saído de moda, o prédio recebeu uma fachada eclética, em estilo neo-Luís XVI, mais em acordo com a época. Do lado esquerdo do Palácio, agora rebatizado para “Guanabara”, Souza Aguiar projetou e construiu um pequeno prédio em estilo eclético, destinado a abrigar a Guarda Palaciana. O Palácio Guanabara passou a ser residência oficial do Presidente da República, de 1926 a 1950, quando então os presidentes se mudaram para o Palácio Laranjeiras, ficando o Guanabara como sede da Prefeitura do Distrito Federal. Desde 1960 é sede do Governo do Estado.

O momento mais dramático da Casa da Guarda Presidencial se deu em 11 de maio de 1938, quando ocorreu a tentativa de tomada do Palácio pelos soldados integralistas chefiados pelo Major Severo Fournier, os quais, invadindo os jardins pela Casa da Guarda, ali fuzilaram os sete guardas que protegiam a família do Presidente. A invasão acabou debelada por forças legalistas e a maior parte dos atacantes foi morta ou capturada.

Em 1965, o então Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, considerando que não mais necessitava da Casa da Guarda para sua proteção, ordenou sua transformação em escola pública estadual, com o nome de Anne Frank, numa justa homenagem à jovem adolescente judia morta de inanição no campo de concentração nazista de Belsen vinte anos antes, em 1945, e que deixara um pungente relato da brutalidade nazista na forma de seu diário, escrito quando esteve escondida num sótão de uma casa em Amsterdã.

No dia da inauguração da nova escola, ato marcado com festividades e discursos, com afluência de público e autoridades, bem como da mídia televisiva, aconteceu um fato inusitado e uma das maiores gafes políticas já ocorridas no Rio de Janeiro. O Governador Lacerda, ao subir a escada de acesso à escola, olhou para o outro lado da Rua Pinheiro Machado e só então percebeu que exatamente em frente estava sendo erguida a nova sede da Embaixada Alemã. Lacerda, então, deu um brado de decepção e sentou-se nos degraus, com mãos a cabeça, a repetir: “...que gafe! que gafe!”.

A cerimônia foi abreviada, mas a escola foi inaugurada.

A Escola Estadual Anne Frank é tombada pela Municipalidade.




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Jornal da AMAL
ano 26 - nº 214
set - out/06