Mostra de bateria ROBERTO RUTIGLIANO
Dia 15 às 19 horas na PROARTE - Evento gratuito
Roberto Rutigliano é um músico argentino que mora no Brasil desde 1988 e é vizinho de Laranjeiras nos últimos 8 anos. Baterista, ele toca em vários projetos de música instrumental e há 10 anos é professor na Pro Arte, famosa escola de música, localizada na rua Alice, 462 - Laranjeiras.
No dia
15 de dezembro Roberto apresentará junto com seus alunos o material que estudaram durante todo o ano de 2005. São peças para bateria inspiradas em ritmos brasileiros, latinos, africanos e criações próprias.
SEGUE ENTREVISTA
Quem são seus alunos, e como vai ser o evento do dia 15/12?
Meus alunos têm uma natureza heterogênea, são profissionais e iniciantes.
No evento, com Chalom Holperin, que já é um profissional, vou tocar em duo duas peças: uma é original chamada "Um 5 para Egberto", homenageando a Egberto Gismonti e a outra inspirada em ritmos do candomblé que se chama "Modulações africanas".
Serão cerca de 10 participações, entre elas: Gillerme Toledo, Fidel Samora, Julia Caldas, Matheus Jirafa, Leo Braga, Dillom Baker, Heitor Prazeres (todos muito musicais). Com eles vamos tocar bases inspiradas na música brasileira, latina, africana e vai participar também até um menino prodígio de 4 anos chamado Thales Augusto com o qual estou fazendo uma iniciação musical incorporando meus conhecimentos de piano.
Pra cada um deles, como um alfaiate, preparei algo na medida, assim eu vejo a educação, como algo pessoal e não padronizado.
Você esteve recentemente tocando em um festival de bateria, como foi?
Fui convidado a participar de um festival internacional realizado no Uruguai chamado
Montevideodrumfest, quem estiver interessado em mais detalhes pode acessar o site do festival -
www.montevideodrumfest.com.
Participaram bateristas da Argentina, do Uruguai (o famoso Osvaldo Fatorusso) e do Chile Tico Torres. Foi uma experiência gratificante e o público vibrou muito com minha apresentação.
Quais são seus projetos?
Estou tocando todas as segundas no centro da cidade (no "Bambu Jazz Clube" na rua Regente Feijó 53) numa Jam Sesiom junto a Alma Thomas (cantora americana), Pedro Mill's no piano e Adrian Barbet (um baixista argentino muito bom, também vizinho de nosso bairro).
Tenho um quarteto de música instrumental mais elaborado com composições originais junto a Rodrigo Zaidam no piano, Xandy Rocha no baixo e Renato Buscaio no sax e flauta, que esta em face de ensaios e que no ano que vem vai dar o que falar. Tocando Telemann, Bach, K-chimbinho tenho um duo de flauta e bateria com a Odette Ernest Dias. Também estou escrevendo dois livros de música: um sobre estudos para bateria e outro sobre ritmos cariocas.
E além de tudo isso, existe meu projeto educativo na
Pro Arte onde espero realizar cursos durante todo o verão e todo o ano de 2006.
Qual a sua impressão do bairro?
Laranjeiras é um bairro muito musical, na minha rua moram saxofonistas, pianistas, bateristas. Em frente da minha casa acontece o chorinho todo sábado. Existem pelo menos 5 blocos de Carnaval desde a Rua Alice até a Glicério.
Este é um patrimônio fantástico que as pessoas daqui tem e precisam aprender a valorizar.
Como você encara a educação musical?
Eu vejo como parte da educação do espírito, da apreciação do gosto. Não espero de meus alunos, futuros virtuosos que possam me justificar como educador. Alguns deles são profissionais, mas o mais importante e que gostem da música.
Vejo-me como um orientador, como uma pessoa que ajuda a lapidar um diamante, como alguém que colabora com o processo de individuação.
Meus alunos estão comigo durante, no máximo três anos, onde aprendem o oficio: aprendem a ouvir, a ter sonoridade própria a ter firmeza rítmica. Eu os coloco de encontro com grandes compositores e músicos e depois desse período básico cada um desenvolve seu lado intuitivo e crescem em contato com outras experiências, formando grupos, vivendo.
Como fica a família neste processo educativo?
Somos produto de nosso cotidiano. Ele é que nos rege, que nos determina. A música que se ouve em casa, na comunidade, na escola é nossa principal influencia.
São nossos hábitos que constroem a nossa subjetividade.
Como a música alimenta nossa educação?
Existe o lado do instrumentista, do compositor e do arranjador.
Com a música a gente lida com sentimentos, com sons, com a memória. Fazendo música temos que desenvolver habilidades manuais. Temos que lidar com o lado intuitivo como com o lado racional, com o swing e com o intelecto. Temos que aprender a ouvir o outro.
Aprendemos a ter um equilíbrio métrico, a desenvolver boas idéias, conhecer estilos que possam alimentar nossas preferências imediatas.
Com a música vamos conhecer obras que vão alimentar nosso espírito com compositores como Pixinguinha, Tom Jobim, Piazzolla...