Bairrodaslaranjeiras, 20/06/08
Blá blá blá por blá blá blá pra falar de valor
Então... há algumas semanas fui ao aniversário de uma amiga -
Vilma. Ela faz aniversário no final do mês de maio, mas passou o mês todo comemorando em "petit commités". Fui convidada para o "commité" que aconteceu no Clara Café, um barzinho simpático na praça do chafariz. Tínhamos, os convidados, a missão de levar um objeto que não nos servisse mais e uma história interessante pra contar. História interessante!!! Caramba, detesto programas interativos... teatro que convida a platéia à participar, uiii!, já paguei o ingresso e ainda vou ter que pagar o mico. Ok, o programa foi legal, sob pressão arrumei a minha história e os amigos, que já conhecem a minha timidez, até se divertiram com o meu "causo".
O leilão das coisas que cada um levou foi um sucesso e a noite seguiu. No final, como sempre, o longo calculo das contas... fechado? Fechado... todos se despediram, se abraçaram e sobre a mesa ficou abandonado um botton. Ninguém quis o tal. Nele estava escrito "Quanto Vale o Médico?"... é obvio que era do
Sergio Castiglione. Ninguém quer, ninguém quer? Resolvi pegar pra mim, pois tenho grande gratidão pelos médicos e não deixaria ali a pergunta sem resposta.
Mas quanto vale o médico? Se eu for responder objetivamente, posso dizer que vale a minha vida. Uau, será que vou ter que pagar a conta? Posso pendurar? Devo, não nego, pago no final.
Como posso avaliar uma coisa dessa? Tive a sorte de ter condições de, na infância, adolescência e juventude, me tratar com excelentes médicos. Do contrário, o provável é que já estivesse no andar de cima ou na melhor das hipóteses fosse aluna no INES - Instituto Nacional de Educação dos Surdos.
O valor de um médico não pode ser mensurado em moeda, pelo menos não pelo lado do paciente. O paciente daria tudo que tem para que o médico salvasse sua vida ou aliviasse sua dor. O governo é que deveria pagar ao médico seu valor em moeda, o doente não tem condições de ter mais isso sobre os ombros. Os médicos deveriam estar no serviço público e estar ali não só por ideal. Deveriam ter bons salários, condições de trabalho e estudo. O paciente, como já faz, pagaria seus impostos.
Eu pago meus impostos, eu pago meu Seguro Saúde Bradesco (R$ 280 por mês), mas o que acontece quando tenho por oito meses uma inflamação no ouvido que os médicos, jovens ou mal equipados do meu plano, não curam? - Vou a um otorrino Top, que não aceita Plano de Saúde... preço da consulta: 300 pratas a vista. Caraca!!!
Fiquei boa em um mês, e sou grata, mas eu mereço este rombo? Imagine a situação de quem não tem 300 reais como "apenas" um rombo no orçamento.
Querido governo, vamos raciocinar. Dê saúde e paz a brava gente deste país e teremos menos aposentados por invalidez, melhor mão de obra e menos gastos com remédios e tratamentos caros.
Eu faria a festa com mais 580 reais no mês; comeria melhor, faria academia, iria ao cinema, ao teatro, viajaria... rs, ia render em bem-estar e ainda poupar em moeda. Lucraria a saúde, a cultura e o turismo.
Enfim... A quem se destina a pergunta do botton? Ao povo? A mim?
-----------------------------------------------------------------------
Para comentar este e outros Blá blá blás visite:
http://bairrodaslaranjeiras.blogspot.com/